Metalúrgicos de São Caetano: CSC e Força unidas após 20 anos

Por Carla santos
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano dos Sul (SP) realizará eleições para a sua diretoria nos dias três e quatro de maio. Dirigido por lideranças da Força Sindical desde a década de 80, o sindicato nunca contou com uma eleição d

Para uma grande parte dos trabalhadores que conhecem a história do movimento sindical de São Caetano a ação conjunta causou estranheza. Não é para menos, são mais de 20 anos se organizando para disputar um sindicato que nunca dava a vitória para quem legitimamente a conquistava. Lideranças cutistas explicam o que está acontecendo. É que depois de tanto tempo insistindo na democratização das eleições abriram-se condições para a realização de um acordo, baseado em dez pontos programáticos e uma lei, a de que todos manterão suas posições históricas mesmo compondo uma mesma chapa.


 


 


Segundo Marcelo Toledo, membro da CSC, “quem é da CUT vai continuar na CUT, quem é da Força vai continuar na Força, portanto a chapa tem identidade política e ideológica diversa, mas com unidade programática em dez pontos. Nós da CUT não abrimos mão do nosso ponto de vista, não compactuamos com as práticas que vinham sendo implementadas no sindicato. O que fizemos foi um acordo, que também passou por uma discussão entre lideranças nacionais como o Arthur da CUT, o Paulinho da Força e o João Batista da CSC, no sentido da democratização e transparência da entidade. Queremos que o sindicato seja mais representativo e legítimo instrumento da luta dos trabalhadores”.


 


 


Desafio do momento é esclarecer os trabalhadores sobre composição da chapa


 


 


Os dez pontos que possibilitaram, entre outras questões, uma composição inédita para a disputa do sindicato já tem alguns eixos bem alicerçados. Entre eles está a democratização e a transparência da entidade. Demissões compulsórias, muito freqüentes nos últimos dez anos, e a valorização do salário também estão na pauta. O fortalecimento da luta no chão da fábrica foi ponto crucial para a composição, assim como o fortalecimento das comissões internas de prevenção de acidentes (Cipas) existentes nas montadoras.


 


 


“O principal desafio dos metalúrgicos agora é esclarecer ao conjunto dos trabalhadores sobre o que está acontecendo. Uma grande parte estranhou a composição desta chapa, outra parte já compreendeu e a abraçou. Em breve lançaremos um jornal em que as principais referências da CUT declararão seu apoio. Queremos esclarecer que este caminho que tomamos não é contraditório com o que sempre defendemos, pelo contrário, foi a forma que encontramos para finalmente democratizar o sindicato e fazer dele aquilo que sempre sonhamos, um instrumento legítimo da luta dos trabalhadores em defesa de seus direitos e por um estado e país mais justo e soberano”, declarou Marcelo Toledo, cipeiro da GM desde 1.993.


 


 


A liderança do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, Carlos Alberto Grana, já declarou publicamente seu apoio à chapa. Os metalúrgicos de São Caetano procurarão fazer o mesmo com o presidente da CUT, Artur Henrique, entre outros.   


 


 


Unidade para fortalecer o sindicato nos seus 50 anos


 


 


A chapa com 56 nomes, tem um terço de trabalhadores da oposição cutista, entre eles Marcelo Toledo, da CSC, que é candidato a primeira secretaria da entidade. Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, membro da Força Sindical, permaneceu como candidato à presidente. Além da Força e da CSC, também compõem a “chapa um” trabalhadores do PT e do Psol.


 


 


Como foi inscrita apenas uma chapa, já registrada em edital publicado no jornal ABC Repórter, a mobilização será para, entre outras questões, atingir o quorum, que é de cinqüenta por cento mais um de votantes.


 


 


O Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul foi fundado no dia oito de dezembro de 1.957. Ao longo desse tempo sempre foi protagonista do desenvolvimento econômico e social da região do ABC e do país, representando uma categoria aguerrida e combativa. Protagonista de greves históricas conquistou aumento salarial acima da inflação e redução da jornada de trabalho, marcando o movimento sindical brasileiro e empolgando trabalhadores de outras categorias na busca dos seus direitos. O sindicato tem uma base superior a 12 mil trabalhadores, sendo cerca de três mil sindicalizados. Em dezembro de 2007, o sindicato completará 50 anos de lutas. As lideranças sindicais não poderiam ter dado presente melhor a sua base buscando a unidade pelo fortalecimento da entidade.