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Roberto Amaral diz que posição do PCdoB na defesa do governo é da maior responsabilidade

Roberto Amaral é um tradicional homem de esquerda. Na juventude, presidiu a União Nacional dos Estudantes (UNE). Depois, militou no PCB e no PCBR. Mais tarde, quando a redemocratização trouxe de volta à vida política as legendas de esquerda postas na clan

Segundo Amaral, “foi fundamental o papel desempenhado pelo PCdoB, ao lado do PSB, na constituição da Frente Brasil-Popular, em 1989, e na sustentação da candidatura Lula nos pleitos seguintes”. E completou: “[o PCdoB] tem sido da maior responsabilidade na defesa do governo popular do presidente Lula”.


 


Cientista político e estudioso do sistema brasileiro, Amaral recordou a participação dos comunistas na história nacional. “O PCdoB é sujeito no processo social brasileiro de tradição marxista-leninista e herdeiro das tradições de organização revolucionária do movimento comunista. Coube-lhe manter a chama do internacionalismo proletário e preservar a organização comunista quando esta foi defraudada pelo social-democratismo de viés burguês e oportunista”. Ele ressaltou ainda também que o partido teve papel destacado na resistência à ditadura militar, “e, nessa resistência, pagou preço altíssimo com a imolação de dirigentes e militantes, que conheceram a prisão, o exílio, a tortura e a morte”.


 


Para o vice-presidente do PSB, cabe hoje ao PCdoB, “ao lado dos socialistas, dos democratas e dos progressistas, tarefa insubstituível na consolidação do processo democrático-popular-mudancista que estamos vivendo, e pelo qual temos responsabilidades históricas”.


 


Processo político


 


Ao analisar a conjuntura política nacional e a atuação do PCdoB,  Amaral explicou que “o processo político brasileiro, em seu atual estágio, é produto das lutas sociais dos que nos antecederam. Deita raízes lá bem longe”. Por isso, disse, “cumpre-nos, a um só tempo, aprofundá-lo e assegurar sua continuidade, promovendo maximamente a participação popular, mediante a mobilização dos sindicatos, das organizações sociais e do movimento estudantil – segmentos nos quais o PCdoB tem atuação destacada”.


 


Mas, sublinhou, “cumpre-nos, igualmente, organizar os excluídos, as grandes massas que mesmo afastadas da produção estão a desempenhar papel ativo na vida política nacional.O PCdoB tem, portanto, papel importantíssimo”. Nadando contra a corrente da opinião hegemônica, pautada pelos princípios neoliberais, o socialista salientou que “a esquerda brasileira não renuncia a seus compromissos democráticos, mas sabe que a luta revolucionária não pode ficar adstrita à disputa eleitoral. A batalha pelo socialismo não pode ser sobreposta pela coabitação na governança social-democrata. Ocupamos os espaços disponíveis, ensejados pela luta dos trabalhadores, para aprofundar as contradições do sistema”.


 


Na sua avaliação, a atuação do PCdoB na conjuntura parece “refletir tanto essa visão das limitações, quanto a riqueza do processo político que vivemos, compreendendo a importância da luta na institucionalidade. Atualmente, e mais uma vez juntos, estamos dando corpo ao Bloco de Esquerda, com os companheiros do PDT, do PMN, do PHS, do PAN e do PMN. Os comunistas, os socialistas, os trabalhistas e os democratas constroem assim um espaço comum que, tendo início na ação parlamentar, pode e deve avançar no processo político e político-eleitoral”.


 


História antiga


 


As relações entre PCdoB e PSB não vêm de hoje. Remontam, nos tempos mais recentes, à conquista pelas Diretas e em seguida, ao processo de reabertura política. “Quando reorganizamos o PSB, em 1985, logramos constituir nossa primeira aliança eleitoral, no Rio de Janeiro, com o PCB e o PCdoB. Em 1989 atuamos juntos para viabilizar a Frente Brasil-Popular. Estivemos juntos nas campanhas presidenciais de 1989, 1994 e 1998 e nos segundos turnos de 2002 e 2006”, lembrou. “Em todo esse período nossas direções souberam manter um excelente nível de diálogo, com troca de informações e de experiências, e juntos nos esforçamos sempre pela unidade do movimento popular da esquerda socialista. Foi nesse ambiente que conheci João Amazonas — a cuja memória presto homenagem — e me tornei amigo de Renato Rabelo”. E completou: “nossas divergências foram sempre superadas na convergência do objetivo revolucionário”.


 


 


De São Paulo,
Priscila Lobregatte, com Márcia Xavier, de Brasília


 


– Veja aqui o especial dos 85 anos do PCdoB