Argentina: passeatas marcam 31º aniversário de golpe

Organismos de direitos humanos, movimentos sociais e partidos da Argentina lembraram neste sábado (24/3) o 31.º aniversário do golpe de Estado que instaurou a última ditadura no país, com a participação de dezenas de milhares de pessoas que se reu

À tradicional reivindicação “Não à impunidade: julgamento e castigo” se uniu este ano a queixa sobre o desaparecimento há seis meses de Julio López, um ex-desaparecido dos anos 70 que voltou a sumir depois de testemunhar contra o chefe policial Miguel Etchecolatz, condenado por genocídio.


 


A extensão e a diversidade das demonstrações é provavelmente um sinal de que o terrorismo de Estado não poupou nenhum setor da vida argentina.


 


Por outro lado, os protestos são estimulados pela retomada dos julgamentos contra os responsáveis pelos crimes da ditadura desde a posse em 2003 do presidente Néstor Kirchner.


 


No entanto, até o momento há apenas seis condenados para 253 detidos, segundo dados do Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS), para o qual este resultado “não é suficiente para fazer justiça”.


 


Kirchner pediu este sábado perdão ao povo pela demora dos processos judiciais nas últimas três décadas e exortou os juízes a agirem com rapidez.


 


“Quero dizer à justiça argentina: Basta, por favor, basta! Julgamento e punição. Precisamos que os julgamentos sejam acelerados”, enfatizou.


 


Kirchner falou na ''La Perla'', um prédio militar na província de Córdoba (centro), onde na ditadura funcionou um dos maiores centros de detenção, tortura e execução de prisioneiros políticos.


 


O presidente entregou o prédio a uma comissão para que estabeleça ali um “espaço da memória”, um museo similar aos que estão sendo montados em várias das 340 antigas prisões clandestinas.


 


“Estamos recebendo o símbolo do horror”, afirmou Emilia Dambra, da Comissão de Familiares de Detidos-Desaparecidos. “Vamos transformar o horror em memória. 31 anos depois, a vida triunfou sobre a morte e a verdade sobre a mentira”, acrescentou um membro do grupo Filhos (de desaparecidos).