Serra amplia concessões das rodovias em troca de obras em SP

O governador José Serra reedita modalidades de privatização para o Estado de São Paulo promovidas pelos seus antecessores tucanos. Sem recursos em caixa para grandes investimentos, Serra ampliou a concessão da exploração dos pedágios das rodovias Bandeira

A Marginal do Tietê será a principal beneficiária do empreendimento, chamado de novo cebolão. A construção de um complexo viário, com três pistas, interligando a Via Anhangüera e a Marginal vai custar R$ 250 milhões. O projeto pretende eliminar o gargalo do trânsito na chegada à capital, oferecendo alternativas aos milhares de veículos que diariamente entram na cidade pela rodovia.


 



Serão construídas três pontes – uma ligando o bairro da Lapa ao sentido interior da Anhangüera, outra entre a Marginal do Tietê e o sentido interior da rodovia e uma terceira, da pista sentido capital da Anhangüera até a Marginal do Tietê. A Ponte Atílio Fontana, hoje o principal acesso para os motoristas que vêm do interior ou de outros bairros e pretendem pegar a Marginal, será transformada em via de mão única em direção à Lapa. “Esse cebolão seguirá os moldes do que existe na Rodovia dos Bandeirantes”, diz o secretário dos Transportes, Mauro Arce.


 



Além das três novas pontes, a AutoBan também se comprometeu a fazer obras de melhoria num trecho de 7 quilômetros da Anhangüera – entre o km 12, no entroncamento com a Marginal do Tietê, e o km 19, no trevo de Osasco. “A concessionária vai readequar acessos, reformular a sinalização e duplicar parte das vias marginais à Anhangüera”, afirma o secretário dos Transportes. O acordo entre o governo do Estado e a concessionária foi firmado em dezembro passado, no fim da gestão Cláudio Lembo (PFL).


 


 
Segundo o governo estadual, não estão previstas as cobranças de pedágio para esta nova via. Contudo, a possibilidade de exploração já foi aventada pelo prefeito municipal Gilberto Kassab (PFL).


 


 
As concessões públicas para exploração das praças de pedágio são uma modalidade de privatização iniciada no governo Mário Covas (1995-2000) e agravada no governo Geraldo Alckmin (2000 – 2006). Os preços praticados pelas concessionárias são considerados abusivos. Entre 1995 e 2005 a variação de reajuste dos pedágios foi de 196%, muito acima da inflação do período. Foram construídos 88 novos pedágios, a maior rede de todo país.


 


 
Ao renovar o período de exploração das rodovias Bandeirantes e Anhanguera a Autoban realiza um bom acordo com o governo Serra, com a lucratividade das concessões das maiores e melhores praças de pedágios por um custo de investimentos nas obras relativamente baixo (se comparado com a lucratividade das concessões). O usuário das rodovias é que perde com a não diminuição dos valores dos pedágios e o maior controle do Estado nos investimentos e possíveis arbitrariedades das empresas.


 



Rodrigo de Carvalho, pelo Vermelho-SP com notícias de O Estado de São Paulo.