Greve paralisa coleta de lixo em SP

Os trabalhadores do serviço de limpeza urbana da capital paulista entraram em greve por tempo indeterminado na manhã desta sexta feira.

A decisão foi tomada em assembléias da categoria realizadas por garagem, após a última de uma série de reuniões de negociação com o sindicato patronal.


 


Os patrões não arredaram da pé da proposta incial de 3,12% de aumento. Já os trabalhadores reivindicam 12% de reajuste, além de convênio médico gratuito e fornecimento de protetor solar e lanche.


 


O Sindicato dos Trabalhadores, Siemaco, diz estar espremido entre os interesses do patrões e da prefeitura. O presidente, José Moacyr Pereira, diz estar acostumado a ficar emparedado entre os dois entes. ''Ora são as empresas que utilizam os trabalhadores para receber reajustes da prefeitura, ora é a prefeitura que utiliza os trabalhadores para punir ou rescindir contratos com as empresas'', reclama.


 


Segundo José Moacyr, agora a situação não é diferente: ''as empresas estão forçando a greve para arrancar aumento e, por outro lado, a prefeitura também teria justificativa para trocar as empresas''.


 


Entre um e outro, o Sindicato prefere não se desgastar mais com a categoria, pois há cerca de um mês uma greve já havia sido decidida em assembléia. Mas, na ocasião, o patronal comunicou que concederia reposição da inflação (os 3,12%) e retomaria as negociações, de maneira que a greve não aconteceu. ''Acontece que um mês se passou e não avançou em nada a negociação'', diz o sindicalista. ''Agora, o mínimo que aceitamos é aumento de 4% e convênio gratuito''.


 


Baixos salários e más condições de trabalho


 


Para os trabalhadores da coleta e da varriação, não são reivindicações menores o convênio gratuito, o protetor solar e o lanche. Os acidentes de trabalho não são incomuns. O lanche é importante, pois muitos trabalhadores saem cedo de casa e não têm condições de se alimentar direito. Um coletor de lixo chega a correr em média 20 quilômetros por dia embaixo do sol e um varredor a andar 8 quilômetros, estima o sindicato. Outras categorias que também percorrem distâncias a pé têm esse tipo de benefício, como é o caso dos trabalhadores dos Correios.


 


Outro aspecto importante é a baixa remuneração da categoria. O piso salarial do varredor é de R$ 544,00 e do coletor R$ 647,00. Com esse salário, ''o trabalhador não vai gastar 5% para comprar um protetor solar'', alega José Moacyr.


 


Segundo o Sindicato, a coleta hospitalar continuará normalmente. Mas estima-se que hoje já tenha parado totalmente a coleta doméstica e 20% do serviço de varrição. 


 


Fernando Borgonovi, pelo Vermelho-SP