Comérciários gaúchos lançam campanha salarial

A Federação dos Empregados no Comércio de Bens e Serviços do RS – Fecosul – e Sindicatos filiados lançaram nesta terça-feira, 17/04, a campanha salarial unificada 2007 “Valorize este Sorriso  – Comerciário rima com Salário”. O ato aconteceu em Por

O estudo do Dieese revela que os comerciários são na maioria jovens, têm a maior jornada – cerca de 56 horas semanais, grande diferença salarial entre homens e mulheres e alto índice de rotatividade. Estes fatores contribuem para a redução de salários. A pesquisa também apontou que a maioria dos trabalhadores no comércio em geral (atacadista e varejista) são homens, os quais possuem a maior média salarial. Os homens recebem em média R$ 775,44, enquanto a média das mulheres é de R$ 595,14, o que equivale a 30,29% a menos se comparado ao salário dos homens.


 



Destacando que as mulheres são maioria no comércio varejista, mas seguindo a média salarial menor. Média de R$ 571,66 para as mulheres e de R$ 703,81 os homens, uma diferença de 23,11%. No entanto, na avaliação de grau de instrução as mulheres estão muito à frente dos homens. Elas são maioria com segundo grau completo, ensino superior incompleto e completo.Isto significa que em todos os casos, seja com maior grau de instrução ou com mais experiência as mulheres ganham de 20% a 40% menos que os homens.


 



Rotatividade no trabalho


 



Por outro lado a pesquisa do Dieese aponta crescimento do número de empregados com carteira assinada no comércio entre 2003 e 2005. Em 2003 os trabalhadores no comércio eram 365.862, em 2004 subiu para 395.193, e em 2005 passou para 411.944, representando crescimento de 12,7%. Já a remuneração média passou de R$ 594,77 em 2003, R$ 661,10 em 2004, para R$ 698.55 em 2005, representando um acréscimo de 17,45% em três anos – lavando em conta a inflação do período. Estes dados retratam que quem ganha salário mais alto é substituído por quem ganha menos – a rotatividade.


 



Campanha salarial



Para o presidente da Fecosul, Guiomar Vidor, o lançamento da campanha foi positiva e destaca a grande participação dos sindicatos. “Agora o nosso desafio é colocar a campanha na rua e mobilizar a categoria que está avançando sua disposição de luta”, garantiu Vidor. 


 



O secretário-geral da Federação, Moacir Sales, acredita que esta campanha vai ser diferenciada porque existem experiências anteriores e a Fecosul está se aperfeiçoando. “A campanha unificada é importante porque não está interessando a data base e sim a recomposição dos salários para que não haja defasagem”, explica Sales. Ele alerta também para a necessidade da taxação de horas extras para inibir o trabalho aos domingos, a eliminação do banco de horas e a regularização do intervalo entre os turnos conforme a legislação, ou seja, não sendo menor que uma hora e não mais de duas horas


 



Já o presidente do Sindicato dos Comerciários de Montenegro, Joemir Oliveira, vai mais longe. “Estas pesquisas contribuem imensamente para a Fecosul e para os Sindicatos, porque agora temos dados concretos nas questões econômicas e sociais. Assim poderemos atuar nas duas frentes: mobilizar a categoria e apresentar as reivindicações econômicas e sociais que os trabalhadores anseiam”, destaca Oliveira.


 



No entanto para, Rosane Simon, presidente do sindicato de Ijuí, o estudo revela outra grande preocupação que precisa estar nas pautas de dissídio. “A pesquisa mostra a discriminação que os movimentos de mulheres já denunciavam. Ou seja, as mulheres mesmo desempenhando as mesmas funções e tendo mais tempo de estudo ganham de 20% a 40% a menos. Isso deveria causar indignação em homens e mulheres porque essa opressão afeta o desenvolvimento da sociedade”, critica Rosane. Ela continua dizendo que os sindicatos devem trazer essa questão para as pautas dos dissídios, enfrentarem esta discriminação e lutar pelo equilíbrio de direitos de gênero.


 



Outra indignação é da secretária da Juventude da Fecosul, Cristina Colombo, que destaca a exploração dos jovens no trabalho do comércio. “A pesquisa mostra que a maioria dos trabalhadores no comércio são jovens e não estão estudando. É difícil conciliar estudo e trabalho já que a jornada é muito longa, e trabalhamos sábado e domingo. Isso não permite o acesso do jovem na faculdade ou que continue seus estudos”, conclui.    
 



De Porto Alegre,
Márcia Carvalho