Mobilização 100% vitoriosa em São Paulo

CUT e centrais paralisam metrô e ônibus contra a emenda 3

A mobilização em apoio ao veto presidencial contra a emenda 3, convocada pela CUT e pelas demais centrais para a manhã desta segunda-feira (23), em São Paulo, foi um completo sucesso, paralisando das 4h30 às 6h30 os terminais de ônibus e metrô da capital paulista.


 


Em manifestação conjunta realizada às 5 horas na estação do metrô Corinthians-Itaquera, linha da zona leste de São Paulo responsável pelo maior fluxo de passageiros da capital, os representantes das centrais sindicais se somaram às lideranças dos metroviários e dos motoristas e cobradores de ônibus para explicar à população que chegava as conseqüências desastrosas da emenda para a classe trabalhadora.


 


''Nós estamos aqui para garantir a manutenção dos direitos da CLT, para impedir o fim da carteira assinada, do vale transporte e de todos os direitos duramente conquistados ao longo de décadas de luta'', declarou o vice-presidente da CUT, Wagner Gomes, destacada liderança dos metroviários. Para Wagner, ''a amplitude do movimento que se alastrou pelo país serve de alerta para a gravidade da situação''.


 


CRESCIMENTO 


 


Segundo Rosane Silva, secretária de Políticas Sindicais da CUT nacional, os protestos vêm crescendo pelo Brasil afora, ''pois meia dúzia de parlamentares querem assaltar o direito a férias, o 13º salários, as licenças maternidade e paternidade, fazendo com a emenda 3 uma reforma na legislação contra os trabalhadores''


 


De acordo com Antonio Carlos Spis, da executiva nacional da CUT, ''a estratégia da direita com a emenda 3 é rasgar a carteira de trabalho, com mudanças que trarão graves prejuízos aos trabalhadores, substituindo o holerite por uma nota fiscal para retirar direitos''. ''Isso é inadmissível e estamos aqui, neste ato às cinco horas da manhã, para deixar claro que não aceitamos esse golpe'', frisou.


 


Para o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de ônibus de São Paulo, Jorge Isao Hosogi (Jorginho), a categoria parou em peso na capital pois ''não aceita essa emenda que coloca o trabalhador como refém dos patrões, sem qualquer direito, nem mesmo à indenização quando é mandado embora''.


 


VETO


 


O presidente da Força Sindical e deputado federal Paulinho lembrou que ''a emenda foi vetada pelo presidente Lula a pedido das centrais sindicais para garantir direitos, mas é preciso ampliar a mobilização e a vigilância para que os parlamentares mantenham o veto''. Conforme denunciou o secretário geral da Forçal, João Carlos Gonçalves (Juruna), ''a substituição da carteira assinada pela nota fiscal é tudo o que os maus patrões querem para mandarem os direitos trabalhistas pelo ralo, desprezando as convenções coletivas e toda e qualquer conquista''.


 


Na avaliação do presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGT) e do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Antonio Carlos dos Reis (Salim), ''o fundamental é fazer um amplo esclarecimento à população sobre a perversidade dessa tentativa de se acabar com a carteira de trabalho e a legislação trabalhista''. ''Mais do que nunca, este é o momento da unidade e da mobilização das centrais, pois o que está em jogo são os direitos históricos da classe trabalhadora'', frisou.


 


Manifestação na Eletropaulo: não à emenda 3!


 


Após o ato em frente ao metrô Itaquera, lideranças cutistas participaram ao lado de dirigentes da CGT, de uma paralisação relâmpago da unidade de manutenção e distribuição de energia Monte Santo da multinacional norte-americana AES, no Jardim São Carlos.


 


DESTRUIÇÃO 


 


Fazendo uso da palavra, Dary Beck Filho, da executiva nacional da CUT e da coordenação do Instituto Nacional de Saúde do Trabalhador (INST), lembrou que a ''emenda 3 é uma reforma disfarçada, que veio para destruir todos os direitos e acabar com a conquista de gerações''. ''Por isso estamos realizando paralisações e mobilizações em todo o país, unindo companheiros e companheiras de todas as centrais, para manifestar o nosso apoio ao veto do presidente Lula, pressionando os deputados e senadores para que não votem no retrocesso'', acrescentou.


 


Por Leonardo Wexell Severo