Após 5 dias, greve geral de mineiros arranca concessões no Peru

Os mineiros do Peru suspenderam nesta sexta-feira (4), depois de cinco dias, sua greve nacional por tempo indeterminado. A greve, notável por sua abrangência e duração, em tempos difíceis para a luta dos trabalhadores, obteve oito acordos com avanços parc

Luis Castillo, da Federação Nacional de Mineiros, Metalúrgicos e Siderúrgicos, anunciou o acordo ao sair de uma reunião com a ministra do Trabalho, Suzana Pinilla. Os pontos da pauta são típicos da fase pós-globalização das relações trabalhistas.
Principal problema: terceirização
Ficou acertado um projeto conjunto de legislação para “normalizar a terceirização”. Serão revistas as jornadas de trabalho “atípicas”, que superam oito horas diárias. Uma comissão tripartite com participação da Federação irá revisar também o sistema previdenciário dos trabalhadores. A ministra prometeu que não haverá punições nas minas.
Foi dado um prazo de 60 dias para implementar os acordos. Do contrário, a greve será retomada.
Onde a greve continua
No entanto, o sindicalista Castillo acrescentou na coletiva de imprensa que, “devido à distante localização das minas, os operários terão até segunda-feira para retomar o o trabalho”. Ocorre que em muitos grandes locais de trabalho a paralisação continua.
Era o que ocorria neste sábado em Buenaventura, a maior mineradora de metais preciosos do Peru, em sua grande mina de prata, Uchucchacua. Os mineiros da Uchucchacua transmitiram á agência Reuters que permaneceriam em greve.
A mina Shougang Hierro Peru, uma mina de ferro de capital chinês. As negociações ali prosseguiram no sábado (5), mediadas pelo governo, enquanto a greve entrou em seu 20º dia.
Já os operários da maior mina de ouro da América Latina, a Yanacocha, disseram á Reuters que as negociações fracassaram e que iriam iniciar outra greve por conta própria, no dia 14 ou no 15. A unidade pertence à empresa estadunidense Newmont Mining Corp.



Onda nacional de protestos trabalhistas



O movimento nacional começou na segunda-feira passada, véspera do 1º de Maio. Tendo à frente a Federação, que filia 74 sindicatos e 22 mil trabalhadores, teve a adesão de 27 mil grevistas, em uma categoria que totaliza 120 mil.



Dois terços da categoria são trabalhadores terceirizados: trabalham em jornadas de 12 horas diárias e ganham o equivalente a R$ 17,70 por dia trabalhado.



A paralisação em um país exportador de minérios (65% do valor das exportações peruanas) chegou a provocar altas de produtos como o cobre, a prata e o zinco nos mercados internacionais. Isso forçou o patronato e o governo a fazerem conseções.


 


O peru vive uma onda de protestos trabalhistas, que se estende também a cocaleiros do planalto central, canavieiros e plantadores de arroz do norte do país. Setores da elite acusam o ex-candidato presidencial antiimperialista, Ollanta Umala, de estimular os movimentos.



Da redação, com agências