Aécio Neves: “não vou tratar de 2010 antes de 2007 e 2008”
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), negou nesta quarta (9) que esteja se movimentando para trocar de partido, filiando-se ao PMDB. Na terça (8), ele jantou em Brasília com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e com o líder do pa
Publicado 09/05/2007 19:37
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), jantaram na noite desta terça-feira em Brasília. No encontro, que foi presenciada pelo líder da bancada na Câmara, Henrique Alves (RN), os dois tiveram uma longa conversa sobre a conjuntura nacional, que os fizeram lembrar da trajetória do avô de Aécio, o ex-presidente Tancredo Neves, dentro do PMDB e, como seria inevitável, acabaram falando sobre as eleições de 2010. Os dois chegaram a admitir que o jantar alimentaria especulações sobre uma possível saída de Aécio do PSDB, já que a legenda corre o risco novamente de se dividir na próxima disputa presidencial por ter dois nomes fortes para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: os governadores de Minas e de São Paulo, José Serra.
“Claro que o Aécio seria bem recebido pelo PMDB. Mas ele não está cogitando isso”, garantiu Temer.
Já Aécio foi bem mais direto e descartou a hipótese de trocar de partido: “Esqueçam essa história de filiação ao PMDB. Não estou pensando nisso. Michel e Henrique sabem que eu estou muito bem no PSDB”, disse Aécio, sem descartar, contudo, uma parceria futura com o PMDB, que sonha em filiar o governador mineiro ao partido, para fazer dele candidato a presidente da aliança governista, com o apoio do próprio Lula, em 2010.
“Não acho impossível que estejamos juntos em 2010. Mas não vou tratar de 2010 antes de 2007 e 2008”, disse Aécio, referindo-se a uma agenda dos Estados no Congresso e às eleições municipais no ano que vem.
Segundo ele, o projeto político que gostaria de participar pode ser feito no PSDB. Aécio disse que não se trata de um projeto de Presidência da República, mas de País.
O presidente do PMDB, por sua vez, reiterou os planos do partido de buscar um nome competitivo para a sucessão presidencial de Lula e mesmo a disposição de cobrar um eventual apoio dos partidos da coalizão que sustentam atualmente o governo petista.
“Já coloquei isso de maneira muito clara quando fui eleito presidente do PMDB e mesmo durante o jantar que tivemos com o presidente Lula. Não sei se Lula apoiaria (uma eventual candidatura de Aécio, caso ele se filiasse ao PMDB), mas em política tudo é possível”, acrescentou Temer, analisando a hipótese de o governador de Minas optar pela troca de legenda no futuro.
Aécio, que sugeriu o jantar na última segunda-feira quando os dois se encontram em Minas Gerais, ficou de acertar novas conversas. Temer lembrou que os dois tinham uma ligação próxima na época em que Aécio foi deputado e agora decidiram resgatar essa antiga amizade.
Agenda da federação
O principal objetivo do encontro de Aécio Neves com os peemedebistas foi o de convencer o PMDB a entrar no que o chama de “agenda da federação”.
Ele revelou que o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), com quem almoçou na terça, está à frente de uma articulação para forçar o governo a negociar com os Estados.
O governo federal necessita apoio também dos governadores para aprovar a prorrogação da CPMF, imposto do cheque que deve render ao governo R$ 38 bilhões este ano e a da Desvinculação das Receitas da União (DRU), que permite ao governo gastar como bem entender 20% da receita tributária.
Mobilização em Brasília
Segundo Aécio, Arruda está convocando um grupo de governadores para se mobilizarem em Brasília, no dia 22 de maio, com o objetivo de buscar apoio do Congresso para dar andamento aos projetos de interesse dos Estados, como a partilha dos recursos da CPMF, o aumento do limite de endividamento dos Estados e alteração na Lei Kandir, para compensar a perda de receita fiscal dos estados exportadores.
“O governo terá dificuldades para aprovar a CPMF e a DRU sem negociar conosco”, disse Aécio Neves, destacando porém que não se trata de uma ameaça.
“Eu espero que o governo federal tenha sensibilidade de retomar as conversas que estão paradas desde o último encontro com o presidente Lula, em 6 de março, para que possamos construir uma agenda que inclua os estados nesse esforço de crescimento econômico do País”, explicou.
O governador reconhece que o PMDB está na base de apoio ao governo e tem lealdade ao presidente, mas disse que conta com a sensibilidade do partido para essa agenda, que não é contra o governo federal, mas a favor dos Estados e do País.
“Eu não peço ao PMDB para que seja oposição, mas para que atue politicamente no sentido de sensibilizar o governo.”
Da redação,
com agências