80 países na Semana Mundial da Paz e Luta Antiimperialista

O público era formado por movimentos organizados de Caracas, como os Conselhos Comunais. Via-se muitas camisetas da Juventude Comunista venezuelana. Na mesa, além de Bernal e Fundora, estavam Fermìn Toro, presidente do Cosi (Comitê de Solidariedade Internacionalista, venezuelano), Socorro Gomes, do Cebrapaz (Comitê Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz), e Pafilis Athanasios, secretário-geral do CMP e eurodeuptado pelo Partido Comunista da Grécia.

Ha uma grande expectativa em torno do alcance da Conferência do CMP. O recente episódio da invasão do território do Equador por tropas do exército da Colômbia, em 1º de março, deu um novo sentido à reunião internacional. Nesta quarta-feira, por coincidência, transcorrem 60 anos do assassinato do “Tribuno do Povo” Jorge Gaitán, líder progressista. Sua morte foi o estopim da fase da história da Colômbia conhecida como “Violência”, que se desdobrou nestas seis décadas até chegar ao conflito armado atual, entre o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). O evento em Caracas deve contar com a participação da senadora oposicionista colombiana Piedad Córdoba.

Sob o estímulo da necessidade de responder com firmeza à provocação do governo de Álvaro Uribe, as forças colombianas que lutam pela paz se mobilizaram e devem contar com uma delegação de 70 pessoas na Semana de Caracas. Outra grande representação é a brasileira, com perto de 80 delegados. Destacam-se ainda as fortes presenças de organizações de luta pela paz dos Estados Unidos, com cerca de 30 delegados, Japão, Índia e Argentina, com perto de duas dezenas. No total, afora os participantes venezuelanos, cerca de 300 delegados de oito dezenas de países estão se concentrando em Caracas para o encontro do CMP.

O Conselho surgiu após a 2ª Guerra Mundial, sob o impacto da matança de 60 milhões de seres humanos e com um forte apoio do movimento comunista mundial e da União Soviética. Com a desaparição desta e o fim do campo socialista, o CMP enfrentou anos difíceis mas se manteve ativo, inclusive na denúncia e no combate às agressões imperialistas do século 21, contra o Afeganistão e o Iraque. O encontro de Caracas é visto como um momento de recuperação da abrangência e capacidade mobilizadora do Conselho, cuja logomarca, desenhada por Pablo Picasso, é a pomba que se tornou conhecida no Brasil ao ser adotada como símbolo pelo PSB.

De Caracas, Bernardo Joffily