Tony Blair marca renúncia como primeiro-ministro

O primeiro-ministro britânico Tony Blair anunciou nesta quinta-feira (10) que se vai demitir do cargo de primeiro-ministro e de líder do Partido Trabalhista em 27 de junho próximo. O anúncio foi feito em uma reunião do partido, em um festivo ambiente. ''F

O seu governo foi marcado pelo desastre da guerra e ocupação do Iraque e pelo abandono das políticas sociais características da social-democracia européia, impulsionando a chamada terceira via, comprometida com as políticas neoliberais, inauguradas por Margaret Thatcher na década de 1980.


 


Após 10 anos de mandato, Blair considera que fez ''o que achava que era certo para o país. Acho que foi longo e suficiente para mim, mas, mais especificamente, para o país'', disse o primeiro-ministro, arrancando risadas da platéia. ''Tive muita sorte e fui abençoado''.



Ao fazer um balanço dos seus três mandatos, disse que ''em 1997 as expectativas eram altas, talvez altas demais'' e que ''agora há mais empregos, melhor saúde e educação, menos crimes.''



Embora o Partido Trabalhista não tenha indicado ainda quem será seu líder, tudo indica que será o atual ministro das finanças, Gordon Brown, o sucessor de Blair. De acordo com a lei inglesa, a eleição de um novo líder do Partido Trabalhista determina quem ocupará o cargo de primeiro-ministro, processo que durará entre seis a sete semanas.



Brown elogiou as ''conquistas únicas'' de Blair, que segundo ele foi um ''líder mundial'' ao longo da última década. Mas para 64% dos britânicos Blair ocupou-se demasiadamente dos assuntos externos em detrimento da política interna.



Uma pesquisa publicada pelo jornal The Guardian mostra que 58% dos britânicos acham que o líder trabalhista frustrou as expectativas que criou ao chegar ao poder, há 10 anos. Para 53%, o seu estilo de governo foi excessivamente presidencialista. Metade afirma que ele se preocupou demais com a sua própria imagem.



Os mandatos de Blair à frente do Reino Unido ficam inevitavelmente marcados pelo alinhamento com a política externa de Bush, principalmente pelo apoio político, moral e material à guerra e ocupação do Iraque, que se revelou um desastre e provocou uma queda grande na sua popularidade.



Além disso, foram também as políticas de Blair que deram o nome à ''Terceira Via'', que não constitui mais do que a rendição da social-democracia ao mercado e ao neoliberalismo. Os seus apoiadores preferem realçar a forma ''brilhante'' como conseguiu ofuscar o Partido Conservador, através de políticas centristas, e que tiveram como consequência um crescimento do PIB e do emprego superior a países como a França e a Alemanha.



Seu governo fica marcado também pela revolta que criou em setores importantes do Partido Trabalhista, cujos senadores votaram muitas vezes contra as políticas bélicas e neoliberais de Blair, que também sai prejudicado pela suspeita de que assessores próximos se envolveram num escândalo de venda de títulos honoríficos em troca de doações ao Partido Trabalhista.



Neste momento, são poucos os que acreditam que Gordon Brown possa fazer frente ao líder dos conservadores, David Cameron, principalmente a julgar pelos resultados das últimas eleições locais que deram uma vitória determinante ao Partido Conservador.


 


Com informações de agências internacionais