Bloco de esquerda mapeia capitais que irá disputar em 2008

O bloco de esquerda, formado por seis partidos, sem o PT, lança um manifesto no dia 22 de maio, e já decidiu que terá candidatos próprios em quase todas as capitais do país. O manifesto do bloco, formado por PSB, PCdoB, PDT, PMN, PAN e PHS, será a espinha

De acordo com cálculos iniciais dos partidos do bloco, haverá candidaturas próprias em pelo menos 19 capitais do país. As outras sete, Salvador, Recife, Fortaleza, Macapá, Belém, São Luís e Belo Horizonte, são classificadas como críticas por não haver acordo dentro do próprio bloco ou porque há alianças muito sólidas com o PT.



“Teremos candidatos competitivos nos 120 maiores municípios do país, fora as candidaturas simbólicas. Temos problemas em alguns lugares, mas haverá consenso no momento certo”, garantiu Márcio França.



“O bloco veio para ficar”, acrescentou.



Em algumas das grandes capitais, o bloco chega a ter três potenciais candidaturas. Em São Paulo, são cogitados Aldo Rebelo (PCdoB), Luiza Erundina (PSB) e Paulo Pereira da Silva (PDT), da Força Sindical. No Rio de Janeiro, aparecem Jandira Feghali (PCdoB), Miro Teixeira (PDT) e a possibilidade de uma aliança com Marcelo Crivella, do PRB, partido próximo ao bloco. Em Porto Alegre, despontam os nomes de Manuela d'Ávila (PCdoB), Beto Albuquerque (PSB) e Vieira da Cunha (PDT).



“Se não houver acordo, teremos o compromisso de aproximação em segundo turno”, disse o líder do bloco.



Apoio a Lula



O manifesto do bloco, ao qual a Reuters teve acesso, reafirma o compromisso com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com a minuta do “programa comum”, submetida a ajustes finais, o grupo reitera a tarefa de “apoiar e aprofundar” o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).



“No documento, reforçamos o apoio ao presidente Lula, não ao PT. Simbolicamente, estamos consolidando nossa posição como força política”, disse à Reuters o líder do bloco, deputado Márcio França (PSB-SP).



O texto defende a “autonomia do governo para definir sobre a política macroeconômica”, mas reforça a necessidade de uma ação política para que se “efetive o compromisso de aprofundar a redução da taxa de juros” e pede por um Banco Central “integrado e subordinado ao plano nacional de desenvolvimento.”



O bloco nasceu de uma união parlamentar para apoiar o então candidato Aldo Rebelo na disputa pela presidência da Câmara contra Arlindo Chinaglia (PT-SP). Durante o embate, travado dentro da base de apoio ao Palácio do Planalto no início deste ano, o petista acabou conquistando o apoio do gigante PMDB e venceu o confronto, provocando fissuras na tradicional aliança.


 



O distanciamento em relação ao PT não significa, no entanto, riscos à atual coalizão partidária.



“O futuro do bloco depende, inclusive, do êxito do governo Lula. Vamos ter uma política de portas abertas, com prioridade para o bloco e para políticos que integram a base do governo”, ponderou Aldo Rebelo.



O plano para a formação do bloco de esquerda, chamado de “bloquinho” no Congresso, sobretudo por integrantes do PT que não vêem viabilidade política na aliança, resgata uma proposta política de 1989, quando a coligação Frente Brasil Popular lançou Lula à Presidência. Apesar da derrota, o desejo de conquistar espaços, já protagonizados pelo PT, começou a ser alimentado.



Formalmente, o bloco de esquerda tem a representação de cinco governadores, 78 deputados federais e oito senadores. Conta, ainda, com a possibilidade de lançar o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência da República em 2010, mas esta hipótese ainda não é assumida nem mesmo pelo PSB.



Com informações da Reuters



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