Lavagna ataca Kirchner e lança candidatura à Presidência

O ex-ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, lançou nesta quinta-feira (10) sua candidatura presidencial em um ato no teatro Gran Rex, em Buenos Aires, com fortes críticas a seu antigo chefe, o presidente Néstor Kirchner.

O anúncio se deu em meio a um momento delicado para Kirchner, pois a província que o projetou para a política (Santa Cruz) passa por uma crise que culminou com o afastamento do governador Carlos Sancho, seu aliado.



Kirchner foi governador de Santa Cruz de 1991 a 2003. A cinco meses da eleição presidencial de 28 de outubro, as imagens de sindicalistas sangrando por culpa das balas de borracha atiradas pela polícia aceleraram a queda do governador Sancho. Dez mil pessoas protestaram na noite da última quarta-feira, horas depois da violenta repressão policial contra funcionários públicos em greve, que terminou com 18 feridos.



Durante o discurso de lançamento de sua candidatura, Lavagna aproveitou a situação em Santa Cruz para atacar Kirchner. “Olhem como está Santa Cruz depois de quinze anos de governo dos Kirchner. Um modelo extrativo, paternalista e autoritário não gera desenvolvimento”, disse.



Mudança de lado
Questionado ao final do discurso por que teria deixado de apoiar o governo Kirchner (ao qual pertenceu até o final de 2005), Lavagna disse que o atual presidente não soube ouvir o clamor das ruas. “Os argentinos pediram desenvolvimento para a economia, espírito republicano para as instituições e uma cruzada contra a pobreza para o social, mas seus pedidos foram mal interpretados”, acusou.



O ex-ministro se apresenta candidato como líder de uma coalizão que reúne dissidentes peronistas (do mesmo partido de Kirchner) e da União Cívica Radical, histórico partido argentino dos ex-presidentes Raúl Alfonsín e Fernando de la Rúa.



População discorda
Apesar da pompa e da reunião de importantes figuras políticas do país, as pesquisas de opinião pública atestam que o governo Kirchner é reconhecido como positivo por cerca de 70% da população.



Kirchner ainda não definiu se irá tentar concorrer a um novo mandato ou se caberá à sua mulher, Cristina, entrar na disputa presidencial. Mesmo com a indefinição, pesquisa feita pelo Instituto Ipsos/Mora mostra que ela teria 49% dos votos, enquanto o atual presidente alcança 59%. Lavagna, por sua vez, só teria 7% dos votos.



Da redação, com informações do Página 12