Libertação de Carriles desmoraliza discurso de Bush, diz PCdoB

Ao Comitê Central do Partido Comunista de Cuba
 

Tendo em vista a inaceitável decisão da juíza norte-americana Kathllen Cardone de liberar em definitivo o terrorista Luis Posada Carriles, anulando as representações contra ele, existentes no sistema judiciário daquele país, tomamos conhecimento no dia de hoje de nova Declaração expedida em nome do Governo Revolucionário da República de Cuba, com data de 09 de maio, na qual “reafirma, com mais força ainda”, a condenação do povo cubano a esta manobra que, como disse a Declaração Revolucionaria de 19 de abril último, “é um insulto ao povo cubano e aos povos que perderam 73 de seus filhos com a derrubada, em frente as costa de Barbados, de um avião civil da Cubana de Aviação”.
 

É um completo escárnio, quase um deboche, o fato de Posada Carriles ter sido acusado na Justiça norte-americana por um crime menor, de fraude e mentiras em entrevistas com o Serviço de Informação e Aduanas dos Estados Unidos com a finalidade de obter a nacionalidade estadunidense. Ainda assim, esta acusação foi anulada.
 

É extensa e conhecida a folha corrida de crimes de terrorismo de Posada Carriles. Tendo sido treinado pela CIA desde sua fuga de Cuba após a vitória da Revolução de janeiro de 1959, quando se vinculou à máfia de Miami, e com passagens pelo Exército dos EUA, é um especialista em sabotagens, demolições, explosivos e assassinatos. Assim, já em 1961, ele participou do treinamento de mercenários que participaram do fracassado desembarque da Baia dos Porcos, planejado para ser o início da invasão patrocinada pelos EUA contra a Revolução Cubana.
 

Em 1976 cometeu aquele que é o mais sangrento dos inúmeros atentado que têm sua digital: a explosão, em pleno vôo, do avião da Cubana de Aviação, matando 73 pessoas – 24 atletas da equipe olímpica de Cuba, a tripulação do avião e mais de uma dezena de estrangeiros. Mais recentemente, em 1997, recrutou, treinou e financiou os mercenários que colocaram bombas em hotéis de Havana, cujas explosões mataram um turista italiano e feriram várias pessoas. Sua última ação conhecida foi em 2000, quando articulou novo plano para atentar contra a vida de Fidel Castro, para ser executado durante a 10ª Cúpula Ibero Americana no Panamá. O intento fracassou e Posada Carriles foi preso e condenado a oito anos de prisão. No fim de 2004 foi beneficiado por um indulto, juntamente com outros terroristas, pela então presidenta do Panamá.
 

A libertação de Posada Carriles é um insulto ao povo cubano e a todos os povos da América Latina tendo em vista que os atentados terroristas de Posada Carriles tiveram como alvo não somente a Revolução Cubana, mas também outros processos avançados na região, tais como contra o governo da Unidade Popular no Chile, o desaparecimento dos funcionários cubanos assassinados na Argentina depois do golpe de estado de 1976, o apoio aos contra-revolucionários mercenários na América Central, em paises como El Salvador e Nicarágua. Como se vê, são vários os paises da América Latina que poderiam ter pedido sua extradição.
 

Desde junho de 2005, existe um pedido de extradição de Posada Carriles junto ao governo dos EUA por parte do Governo da Venezuela, tendo em vista ter sido este país o ponto de partida do vôo da Cubana de Aviação derrubado em 1976, e pelo fato de o terrorista possuir nacionalidade venezuelana. Esse pedido, no entanto, é solenemente ignorado pelas autoridades norte-americanas.
 

Diante destes fatos, o Partido Comunista do Brasil manifesta o mais enérgico repúdios à libertação de Posada Carriles e se soma ao Partido Comunista, ao povo e ao Governo cubanos na exigência de extradição imediata do terrorista para a Venezuela, a fim de que este seja julgado por seus crimes.
 

Neste momento, recordamos que a libertação de Posada Carriles desmoraliza por completo o discurso hipócrita e cínico de George W. Bush “contra o terrorismo” ao permitir o livre trânsito de elementos comprovadamente terroristas em seu próprio território, conforme demonstram diversas provas documentais em poder do próprio governo dos EUA.
 

Esses fatos reforçam as palavras do comandante Fidel Castro, que numa reflexão assinada no dia 10 de abril de 2007, intitulada “A Resposta Brutal” denuncia ser George W. Bush “o mais genuíno representante de um sistema de terror que se impôs ao mundo pela superioridade tecnológica, econômica e política da potência mais poderosa que já conheceu o nosso planeta”.
 

Saudações revolucionárias,
José Reinaldo Carvalho,
Secretario de Relações Internacionais do
Comitê Central do PCdoB, pelo Secretariado Nacional.