Lula reafirma autonomia do Estado em relação à Igreja

Enquanto o papa Bento XVI cobrava em São Paulo honestidade dos políticos brasileiros e criticava o aborto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltava a ressaltar a autonomia do Estado em relação à Igreja.

Ao participar do 1º Fórum de TVs Públicas, em um hotel de Brasília, Lula fez uma defesa contundente do debate sobre a legalização do aborto. “Este é um assunto que pode ser discutido pela sociedade brasileira, que tem maturidade”, afirmou.


 


Lula fez questão de lembrar de uma conversa reservada que teve com Bento XVI no Palácio dos Bandeirantes, na quinta-feira. “Eu já disse para o Papa, o Brasil é um país laico e nossa TV pública será laica”, afirmou.


 


Na conversa entre Sua Santidade e Sua Excelência, em São Paulo, Bento XVI defendeu o ensino religioso nas escolas brasileiras. Lula foi além nos ataques indiretos à Igreja. Ele chegou a defender o debate sobre células tronco, outra questão que causa polêmica entre os religiosos


 


No mesmo discurso de improviso no fórum, o presidente, no entanto, citou Deus ao falar dos projetos de governo. “Deus me deu o segundo mandato para fazer coisas novas, e uma delas é a TV Pública”, disse Lula. O presidente sempre manteve boas relações com a Igreja e dela sempre obteve apoio, seja como sindicalista, seja como político. Assessores, no entanto, contam que não é do feitio do presidente receber calado críticas de quem quer que seja.


 


Interlocutores não informaram se Lula tinha conhecimento, ao fazer o discurso a favor do debate sobre o aborto, das críticas de Bento XVI aos políticos com poder de decisão. O presidente sempre teve no seu gabinete assessores com forte relação com a Igreja.


 


É o caso do chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, que chegou a freqüentar seminário na juventude. Carvalho e até o chefe da Segurança do presidente, general Gonçalves Dias, beijaram a mão do Papa em São Paulo, e demonstraram bastante emoção.


 


Fonte: Agência Estado