Prisão de parlamentares agrava escândalo na Colômbia

As autoridades colombianas ordenaram na segunda-feira (14) a prisão de cinco parlamentares e de 15 ex-políticos e empresários por cumplicidade com esquadrões paramilitares da morte, num escândalo que se espalha sobre aliados do presidente Álvaro Uribe.

O presidente enfrenta pressão de críticos domésticos e da bancada democrata no Congresso dos EUA, cética a respeito da aprovação de um acordo comercial e de ajuda militar para o combate a guerrilheiros de esquerda, devido à ligação entre parlamentares governistas colombianos e ex-milicianos de direita.



Oito deputados foram presos neste ano sob acusação de cooperarem com paramilitares que cometeram seqüestros e massacres em nome do combate à guerrilha, até que se desarmassem num acordo com Uribe. A maioria dos ex-comandantes está presa. Autoridades disseram que os nomes de cinco atuais parlamentares e dos demais apareceram em um documento assinado por líderes paramilitares em 2001 na localidade de Santa Fé de Ralito, reduto da milícia.



“A câmara penal da corte emitiu mandados [de prisão] para os cinco parlamentares acusados de assinar o pacto de Ralito. A acusação é de conspirar para cometer um crime agravado”, disse o juiz da Suprema Corte Alfredo Gómez a jornalistas.



Previsão de novas prisões
Autoridades disseram estar investigando supostos grampos telefônicos ilegais que poderiam mostrar que os paramilitares presos continuaram cometendo crimes. Se isso for provado, o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, diz que os líderes paramilitares podem ser extraditados para os EUA, onde são acusados de terrorismo.



O governo Uribe já recebeu milhões de dólares em ajuda dos EUA para combater rebeldes envolvidos na guerra civil de quatro décadas, atualmente alimentada com dinheiro do narcotráfico. Os rebeldes foram empurrados para a selva, e Uribe negociou o desarmamento de 30 mil paramilitares.



Grupos de direitos humanos há anos denunciavam a cumplicidade entre paramilitares, líderes locais e oficiais do Exército. Mas a extensão dessas ligações só se tornou clara com o acordo de paz, que levou a uma investigação sobre os comandantes de milícias.



Uribe diz que as prisões são prova de que as instituições colombianas funcionam, e exigiu apoio das autoridades às investigações.



Fonte: Reuters