“Santíssima Trindade” dos bancos fora do Conselho de Lula

Por André Barrocal, na Carta Maior*
Dirigente do Conselho Internacional de Ciências Sociais da Unesco (ONU) e membro da Academia Brasileira de Letras, o professor Cândido Mendes espantou-se nesta quinta-feira (17), ao assumir um mandato de doi

A ausência da “Trindade” e o encolhimento da bancada financeira a duas das 80 cadeiras refletem mudanças significativas no Conselhão. E foram arquitetas pelo presidente Lula para reforçar o tipo de governo que planeja para o mandato atual. Como a ordem é enfatizar crescimento e desenvolvimento, a voz do sistema financeiro foi abafada no órgão de consulta presidencial – as duas restantes representam entidades de classe, nenhuma é de empresa específica, ao contrário do que ocorreu antes.



Outras mudanças



Já o setor produtivo ganhou mais assentos, distribuídos preferencialmente a trabalhadores. A bancada sindical passou de 14 para 21 – observador de conselhos similares de outros países, Cândido Mendes disse que o brasileiro é único por ter o maior peso sindical (25%). Já a bancada patronal, incluindo banqueiros, caiu de 41 para 38. “Estava meio desbalanceado”, afirmou Lula, no discurso que fez na primeira, das quatro reuniões plenárias do Conselhão programadas para este ano.



Um dos sindicalistas estreantes gostou da renovação e concorda que ela está em linha com a intenção do governo de perseguir crescimento – aliás, a tradução prática do compromisso, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foi esboçada no Conselhão. “Tudo o que defendemos na sociedade pode ser trazido para cá e discutido como política pública”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC de São Paulo, José Lopes Feijóo.



A pauta prioritária do Conselhão desde a antiga composição também justifica o reforço da bancada do setor produtivo e o esvaziamento dos banqueiros. “O tema da infra-estrutura ganhou um peso que pedia uma presença maior do setor produtivo”, afirmou a secretária do Conselhão, Esther de Albuquerque.



Para o coordenador da agenda sobre infra-estrutura no Conselhão, Paulo Simão, presidente da Câmara Brasileira a Indústria da Construção (CBIC), o novo perfil do colegiado pode ajudar a remover este que é tido como um dos maiores obstáculos ao crescimento do país – deficiências em estradas, portos e energia. “Espero que essa pluralidade ajude a mexer no Brasil”, disse.



Reformas



As prioridades de antes do Conselhão, como a agenda da infra-estrutura, continuarão sendo as mesmas na pauta dos novos conselheiros. As outras duas prioridades são as reformas política e tributária, cuja aprovação Lula defendeu. Demonstrando entusiasmo com a idéia de “reformas”, o presidente pregou o debate de duas que arrepiam os trabalhadores, mesmo tendo acolhido mais sindicalistas no Conselho: trabalhista e da Previdência. “Não deve ter tema proibido no Conselho”, afirmou.



Com alguma ironia, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos, que é do Conselhão, concordou que não deve haver tema tabu. E listou temas que gostaria de debater que igualmente causariam arrepios – mas no governo. “Queremos discutir sem dogmas a redução dos juros e do superávit primário, para ter mais dinheiro para investir em políticas sociais”, declarou Silva Santos.
Na reunião, ele propôs, e o Conselho aprovou, a criação de um grupo separado para discutir só o setor de biocombustíveis. Os sindicatos reclamam que os trabalhadores de canaviais são explorados e submetidos a condições desumanas, pois os fazendeiros querem ganhar cada vez mais dinheiro com a coqueluche econômica que se tornou o biocombustível.



A idéia recebeu aval até de um representante empresarial do setor com assento no Conselho, Nelson José Côrtes da Silveira, presidente da Brasil Ecodiesel. Para ele, a atividade está crescendo tanto, que é mesmo necessário mapeá-la, até para que as políticas públicas possam ser mais bem preparadas.



A próxima reunião do plenário do Conselho será no dia 28 de junho. A partir de agora, serão quatro por ano, e não mais cinco. O presidente Lula disse que pretende participar de todas elas, até o fim, para debater com os conselheiros. Nas reuniões do primeiro mandato, ele só participava



* Fonte: http://www.agenciacartamaior.com.br


Os atuais membros do Conselho são:
Pela sociedade civil:
Abilio Diniz
Adilson Ventura
Alair Martins do Nascimento
Amarílio Proença de Macêdo
Antoninho Trevisan
Antônio Carlos dos Reis (Salim)
Antônio Neto
Arildo Mota Lopes
Artur Henrique Bruno Ribeiro
Candido Mendes
Cezar Britto
Clemente Ganz Lúcio
Daniel Feffer
Danilo Pereira da Silva
Delfim Netto
Denise Motta Dau
Dom Luiz Demetrio Valentini
Enilson Simões de Moura (Alemão)
Fabio Barbosa
Gabriel Ferreira
Germano Rigotto
Gustavo Petta
Horacio Piva
Humberto Eustáquio Mota
Ivan Zurita
Ivo Rosset
Jackson Schneider
João Batista Inocentini
João Bosco Borba
João Elisio Ferraz de Campos
João Felício
João Paulo dos Reis Velloso
Joênia Batista Carvalho
Jorge Gerdau Johannpeter
Jorge Nazareno Rodrigues
José Antônio Moroni
José Carlos Bumlai
José Carlos Cosenzo
José Lopes Feijóo
José Luis Cutrale
Joseph Couri
Juçara Dutra
Júlio Aquino
Laerte Teixeira da Costa
Lincoln Fernandes
Luiz Carlos Delben Leite
Luiza Helena Trajano
Lutfala Bitar
Manoel José Dos Santos (De Serra)
Márcio Lopes de Freitas
Maurício Botelho
Maurílio Biagi Filho
Nair Goulart
Naomar Monteiro de Almeida Filho
Nelson José Côrtes da Silveira
Oded Grajew
Paulo Godoy
Paulo Simão
Paulo Skaf
Paulo Speller
Paulo Tigre
Paulo Vellinho
Raymundo Magliano
Ricardo Paes de Barros
Ricardo Patah
Robson Braga de Andrade
Rodrigo Collaço
Rodrigo Loures
Rozani Holler
Sérgio Haddad
Sérgio Rosa
Sônia Regina Hess de Souza
Tânia Bacelar
Vicente Mattos
Victor Siaulys
Virgilio Costa
Viviane Senna
Zaire Rezende
Zilda Arns



Pelo governo:  
Carlos Lupi
Celso Amorim
Dilma Rousseff
Guido Mantega
Henrique Meirelles
Jorge Armando Félix, gen.
Luiz Dulci
Marina Silva
Miguel João Jorge Filho
Patrus Ananias
Paulo Bernardo
Walfrido dos Mares Guia