Tentar impor dinâmica nacional a 2008 seria um erro, diz Berzoini 

As alianças em torno do governo de coalizão não necessariamente irão se repetir nas eleições para as prefeituras no ano que vem, segundo avalia o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini. Na entrevista que concede semanalmente ao Portal do

“A Direção Nacional do PT não deve ter uma visão mecanicista para 2008. Em muitas cidades, os partidos que integram a coalizão têm interesses e histórias conflitantes. Em outras, é possível compor”, disse, alertando que tentar a dinâmica nacional às eleições municipais seria um erro.


 


Para 2010, ele defende a tese de que o PT lance candidato próprio à sucessão do presidente Lula, embora não descarte a possibilidade de discutir o apoio a um nome da base aliada do governo.


 


Na entrevista, Berzoini fala ainda das mudanças promovidas por Lula na economia, durante o primeiro mandato, e dos reflexos positivos que começam a aparecer agora.


 


Leia a íntegra:


 


O PT já está se organizando para as eleições do ano que vem? Que o impacto poderá ter para o PT a união de seis partidos (PSB, PCdoB, PDT, PMN, PAN e PHS) para as eleições em 2008? O PT tem dialogado com esses partidos? Há interesses comuns em jogo?


A iniciativa desses partidos é legítima e não deve ser vista como negativa. Em muitos municípios e Estados, esses partidos estão juntos, no governo ou na oposição, em aliança com o PT. Na Câmara o bloco soma quase 80 parlamentares e estão na coalizão que apóia o governo Lula. O PT deve se preparar para as eleições de 2008, discutindo os problemas e desafios de cada cidade e conversando com os possíveis aliados. A Direção Nacional do PT não deve ter uma visão mecanicista para 2008. Em muitas cidades, os partidos que integram a coalizão têm interesses e histórias conflitantes. Em outras, é possível compor. O erro que não podemos cometer é tentar impor a dinâmica nacional às conversas municipais. O PT pode e deve ter um desempenho positivo em 2008, elegendo mais prefeitos e mais vereadores.


 


O seminário que o PT está organizando com prefeitos neste final desta semana em Brasília contará com a presença de inúmeras lideranças petistas, inclusive ministros. O evento faz parte da estratégia para 2008?


Claro, mas visa também trocar experiências administrativas e políticas, tratar da relação dos prefeitos com governadores e com o governo federal e melhorar o desempenho do PT no apoio aos seus militantes que exercem o cargo de executivo municipal.


 


Notícias recentes dão conta de que Aécio Neves tem conversado com o PMDB, com vistas a 2010. Ele chegou a dizer que não descarta a possibilidade de se unir ao PT. Na sua opinião, quais as chances de isso acontecer? Aliás, José Serra também está fazendo um movimento de aproximação com o governo Lula, o que abriu uma crise entre os líderes do partido. Como o sr. vê essa movimentação tucana?


 


Os governadores têm razões de sobra para manter boas relações com o governo federal. Mas isso não significa necessariamente possibilidades de união eleitoral futura. O PT deve ter candidato a presidente em 2010, ainda que deva analisar a possibilidade de uma candidatura da base ser de outro partido. O PT foi o partido mais votado para a Câmara em 2006, tem o presidente Lula e cinco governadores, tem quadros que podem ser candidatos a dar prosseguimento às conquistas do governo Lula.


 


Uma das melhores notícias da semana que passou foi a elevação da classificação de risco do Brasil pela agência Fitch. Analistas já prevêem que, se o Brasil continuar comprando dólar no mesmo ritmo das últimas semanas, em novembro as reservas internacionais vão superar o valor da dívida externa brasileira. A economia brasileira está no caminho certo?


 


A economia brasileira mudou da água para o vinho em todos os indicadores. Geração de emprego, exportações, dívida interna, dívida externa, distribuição de renda, crédito em geral, crédito habitacional, reservas cambiais, taxa de juros, entre outros, melhoraram radicalmente. A única preocupação, que o governo também manifesta, é o efeito que o dólar barato pode ter sobre certos setores da economia. Mas esse é um problema que decorre de um sucesso, que é a mudança do fluxo cambial. Não tem solução fácil, mas pode ser tratada com mudanças tributárias, melhoria do crédito e política de incentivo à inovação. O Brasil está no rumo certo, mas em economia toda atenção é pouca.


 


Fonte: www.pt.org.br