Tentar impor dinâmica nacional a 2008 seria um erro, diz Berzoini
As alianças em torno do governo de coalizão não necessariamente irão se repetir nas eleições para as prefeituras no ano que vem, segundo avalia o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini. Na entrevista que concede semanalmente ao Portal do
Publicado 18/05/2007 23:12
“A Direção Nacional do PT não deve ter uma visão mecanicista para 2008. Em muitas cidades, os partidos que integram a coalizão têm interesses e histórias conflitantes. Em outras, é possível compor”, disse, alertando que tentar a dinâmica nacional às eleições municipais seria um erro.
Para 2010, ele defende a tese de que o PT lance candidato próprio à sucessão do presidente Lula, embora não descarte a possibilidade de discutir o apoio a um nome da base aliada do governo.
Na entrevista, Berzoini fala ainda das mudanças promovidas por Lula na economia, durante o primeiro mandato, e dos reflexos positivos que começam a aparecer agora.
Leia a íntegra:
O PT já está se organizando para as eleições do ano que vem? Que o impacto poderá ter para o PT a união de seis partidos (PSB, PCdoB, PDT, PMN, PAN e PHS) para as eleições em 2008? O PT tem dialogado com esses partidos? Há interesses comuns em jogo?
A iniciativa desses partidos é legítima e não deve ser vista como negativa. Em muitos municípios e Estados, esses partidos estão juntos, no governo ou na oposição, em aliança com o PT. Na Câmara o bloco soma quase 80 parlamentares e estão na coalizão que apóia o governo Lula. O PT deve se preparar para as eleições de 2008, discutindo os problemas e desafios de cada cidade e conversando com os possíveis aliados. A Direção Nacional do PT não deve ter uma visão mecanicista para 2008. Em muitas cidades, os partidos que integram a coalizão têm interesses e histórias conflitantes. Em outras, é possível compor. O erro que não podemos cometer é tentar impor a dinâmica nacional às conversas municipais. O PT pode e deve ter um desempenho positivo em 2008, elegendo mais prefeitos e mais vereadores.
O seminário que o PT está organizando com prefeitos neste final desta semana em Brasília contará com a presença de inúmeras lideranças petistas, inclusive ministros. O evento faz parte da estratégia para 2008?
Claro, mas visa também trocar experiências administrativas e políticas, tratar da relação dos prefeitos com governadores e com o governo federal e melhorar o desempenho do PT no apoio aos seus militantes que exercem o cargo de executivo municipal.
Notícias recentes dão conta de que Aécio Neves tem conversado com o PMDB, com vistas a 2010. Ele chegou a dizer que não descarta a possibilidade de se unir ao PT. Na sua opinião, quais as chances de isso acontecer? Aliás, José Serra também está fazendo um movimento de aproximação com o governo Lula, o que abriu uma crise entre os líderes do partido. Como o sr. vê essa movimentação tucana?
Os governadores têm razões de sobra para manter boas relações com o governo federal. Mas isso não significa necessariamente possibilidades de união eleitoral futura. O PT deve ter candidato a presidente em 2010, ainda que deva analisar a possibilidade de uma candidatura da base ser de outro partido. O PT foi o partido mais votado para a Câmara em 2006, tem o presidente Lula e cinco governadores, tem quadros que podem ser candidatos a dar prosseguimento às conquistas do governo Lula.
Uma das melhores notícias da semana que passou foi a elevação da classificação de risco do Brasil pela agência Fitch. Analistas já prevêem que, se o Brasil continuar comprando dólar no mesmo ritmo das últimas semanas, em novembro as reservas internacionais vão superar o valor da dívida externa brasileira. A economia brasileira está no caminho certo?
A economia brasileira mudou da água para o vinho em todos os indicadores. Geração de emprego, exportações, dívida interna, dívida externa, distribuição de renda, crédito em geral, crédito habitacional, reservas cambiais, taxa de juros, entre outros, melhoraram radicalmente. A única preocupação, que o governo também manifesta, é o efeito que o dólar barato pode ter sobre certos setores da economia. Mas esse é um problema que decorre de um sucesso, que é a mudança do fluxo cambial. Não tem solução fácil, mas pode ser tratada com mudanças tributárias, melhoria do crédito e política de incentivo à inovação. O Brasil está no rumo certo, mas em economia toda atenção é pouca.
Fonte: www.pt.org.br