Colômbia: Juventude Comunista fala da situação das universidades
Leia o artigo de Cláudia Florez, secretária geral da Juventude Comunista da Colômbia (JUCO), sobre o processo de privatização que vem ocorrendo nas universidades públicas do páis. ''A educação superior pública atualmente enfrenta a pior ameaça frente aos
Publicado 24/05/2007 20:42
A luta contra a privatização da Universidade Pública na Colômbia
Cláudia Forez*
A educação superior pública atualmente enfrenta a pior ameaça frente aos distintos intentos de privatizá-la. Com Álvaro Uribe os universitários tem sustentado a resistência dos estudantes que tem sido a nota predominante. Só no último ano se contam mais de uma dezena de paralisações nas distintas universidades do país.
As linhas centrais da contra-reforma de Uribe consistem em: corte constante do orçamento das universidades; os ajustes acadêmico-administrativos que, com um critério produtivista e neoliberal pretendem acomodar as estruturas das universidades a precariedade financeira e por a academia ao serviço do livre mercado como ordena o TLC (Tratado de Livre Comércio); e, finalmente, o Governo tem se concentrado em eliminar a autonomia e a democracia universitárias, violentando os processos de escolha das autoridades administrativas e fechando cada vez mais os espaços de participação a estudantes, professores e trabalhadores.
A tática do Governo no último período consiste em atacar as universidades nas três linhas centrais de sua contra-reforma, por isto, há mais de um mês, a Universidade do Cauca está em Assembléia permanente. Situação similar se vive na Universidade Sul-Colombiana, na Universidade Industrial de Santander e nas universidades públicas de Bogotá.
Ditadura e democracia: 18 meses, 8 estudantes mortos
Outro aspecto importante a assinalar é esta ditadura disfarçada de democracia, ou seja, a criminalização e perseguição dos protestos e do movimento estudantil em geral. Nos últimos 18 meses foram 8 dirigentes estudantis assassinados, mais de 20 refugiados e atualmente se encontram cerca de 10 estudantes em prisão acusados de se rebelarem.
Novo PND – “Plano Nacional de Destruição”
O que foi aprovado no Plano Nacional de Desenvolvimento, PND, não é mais que o aprofundamento do desfinanciamento das universidades. Trata-se de generalizar, para as 14 universidades nacionais, a fórmula aplicada à Universidade do Atlântico que deixou como resultado a demissão da totalidade da planta de trabalhadores, o aumento das matrículas hasta em 1.000%, a jubilação forçada dos professores com mais bagagem e prestígio acadêmico, a venda dos edifícios e bens mais importantes da instituição, ocasionando a diminuição do bem estar universitário e, no geral, a privatização da Uni-Atlântico.
Não estando contente por abandonar suas obrigações referentes aos pensionistas das universidades, o Governo nacional estabeleceu um imposto que incidirá sobre os formados nas universidades públicas, aumentando a carga tributaria para os colombianos. Já o direito à educação superior como uma conquista de múltiplas lutas fica abandonado pelo Estado.
A luta dos universitários deve ser a de todos os colombianos pela educação pública, pois além do PND, a reforma das transferências representa um duro golpe para a educação básica e média, e a situação do SENA é cada vez mais crítica. É hora de construir uma ampla frente em defesa da educação pública. Todo o setor da educação se encontrará nas ruas no próximo 23 de maio na grande paralisação nacional e continuará a luta na paralisação de tempo indeterminado do magistério e a resistência em todas as universidades do país. A sociedade colombiana deverá acompanhá-los. É preciso a todo custo impedir a aplicação do PND, por ser totalmente ilegítima a política de um governo paramilitar, que atenta física e socialmente contra a vida dos e das colombianas. A luta nas universidades será prolongada e contundente, gerando a partir daí um espaço crítico para acabar com a tirania de Álvaro Uribe.
*Cláudia Florez é secretária geral da JUCO.
JUCO nas ruas para barrar plano de Uribe