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Nivaldo Santana: Por uma política anti-racista, original e brasileira

Leia artigo do ex-deputado estadual e vice-presidente do PCdoB SP, Nivaldo Santana, sobre a Plenária Estadual de SP da União dos Negros pela Igualdade (Unegro) ao seu 3º Congresso Nacional, a se realizar de 14 a 17 de junho na cidade do Rio de Janeiro. A

Por uma política anti-racista, original e brasileira


 


Nivaldo Santana*


 


A Unegro (União de Negros pela Igualdade) realizará seu 3º Congresso Nacional no Rio de Janeiro, entre os dias 14 e 17 de junho próximo. Está prevista a participação de cerca de 500 delegados, eleitos em encontros estaduais.


 


No estado de São Paulo, o encontro da Unegro será realizado no próximo domingo, dia dois de junho, no Museu Afro-Brasileiro, no Parque do Ibirapuera. Nesse dia serão debatidos as teses e o plano de lutas da Unegro para o triênio de 2007/2010.


 


Em seus 19 anos de atuação, a Unegro sempre teve ampla participação de dirigentes e militantes do PCdoB em seus quadros. Essa participação reforça o caráter de massas e plural que tem caracterizado a entidade.


 


Cabe destacar que o PCdoB, impulsionado pela militãncia do movimento negro, aprovou importante resolução sobre a posição do partido na luta anti-racista no Brasil e seu entrelaçamento com o projeto de emancipação social e nacional.


 


O fio condutor dessa resolução é a compreensão das singularidades da formação social do Brasil, o que exige uma mediação equilibrada entre o modo de produção e reprodução da vida material e a subjetividade que se torna dominante em seu interior.


 


O documento sublinha que a ocupação e colonização de terras gigantescas por uma metrópole com população reduzida geraram a poligamia patriarcal e um legado contraditório no país: a miscigenação e a fusão da cultura indígena e africana com a cultura portuguesa dominante.


 


Esse processo foi enriquecido por novas levas de imigração européia, árabe e asiática. Disso resulta que o povo brasileiro ainda está em formação, mas já adquiriu identidade nacional e cultural, já é um povo-nação.


 


Com isso, pode-se afirmar que o brasileiro é um povo novo, uno, com um modo original de afirmar sua identidade. A mestiçagem é, assim, um fenômeno objetivo e cultural, mas não ao ponto de se poder afirmar que exista democracia racial no Brasil.


 


A resolução do PCdoB aponta um duplo legado escravista no Brasil: o racismo estrutural que torna os negros a base da pirâmide social e o racismo ideológico explícito onde se associa o negro às condições de inferioridade.


 


Desse legado racista emerge a necessidade de uma política anti-racista original e brasileira, que artcule políticas universais e específicas, com o enfrentamento da opressão de classe e o entrelaçamento desta com o racismo.


 


Esse conjunto de opiniões dá a base teórica e o fundamento para ampliar a ação política e a representatividade social da Unegro, objetivos centrais do 3º Congresso da Unegro.


 


* Nivaldo Santana é vice-presidente estadual do PCdoB.


 


Leia também a tese nacional ao 3º Congresso da Unegro.