Mailson da Nóbrega diz ser provável que Lula faça sucessor
O ex-ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega, sócio da Tendências Consultoria Integrada, disse que são grandes as chances de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazer o seu sucessor em 2010. A declaração foi feita hoje no 10º Seminário Perspectivas da
Publicado 31/05/2007 23:31
Mas os argumentos que Nóbrega usou para defender a gestão do presidente Lula foram baseados na percepção alimentada pelos setores mais conservadores de que a manutenção da política econômica de matriz neoliberal é o “fator positivo” que alavanca o “sucesso” do governo.
Segundo ele, essa atitude permitiu que a percepção de riscos do País no longo prazo fosse considerada a menor entre os BRICs – grupo de países composto por Brasil, Rússia, Índia e China – e possibilita um cenário de crescimento econômico maior que a média dos últimos 30 anos.
“O grande mérito do presidente Lula foi não ter mudado a política econômica e ter evitado a adoção de idéias do PT que poderiam ter jogado o Brasil numa grande crise”, afirmou o ex-ministro
Nóbrega disse ainda que o Brasil se favorece também pela excepcional situação econômica mundial. Apesar dos elogios, ele lembrou que ainda há muito a fazer, citando como exemplo as reformas tributária e trabalhista. O ex-ministro disse ainda que é preciso resolver questões pontuais, como a dificuldade em se fazer negócios e em renovar contratos e a burocracia das licenças ambientais.
No encerramento do evento, o secretário-geral da Secretaria das Relações Institucionais, Márcio Favilla, que representou o ministro Walfrido dos Mares Guia, destacou o ambiente econômico favorável que o País atravessa. “Temos crescimento com inclusão social. Ao contrário dos ciclos anteriores, o crescimento recente vem se dando com a melhoria na distribuição de riqueza e redução da pobreza”, destacou Favilla.
Mailson: fracassos e privatizações
Maílson se tornou ministro após conseguir a demissão de Bresser Pereira, em manobra política na qual foi auxiliado por seu fiel escudeiro, Paulo César Ximenes, que viria a ser presidente do Banco do Brasil. Os dois convenceram Bresser de que, para pôr fim à inflação e ao descalabro das contas públicas, ele deveria propor ao presidente José Sarney um amplo programa de privatização de empresas estatais, embora soubessem de antemão que Sarney rejeitaria qualquer medida nesse sentido, o que efetivamente aconteceu. Vendo sua proposta recusada, não restou a Bresser senão pedir exoneração, o que abriu espaço para Maílson se tornar ministro, mesmo porque, na situação econômica deplorável em que o país se encontrava, nenhum nome de destaque ambicionava o espinhoso cargo.
Maílson da Nóbrega assumiu o Ministério da Fazenda propondo realizar uma política econômica do “Feijão com Arroz”: conviver com a inflação sem adotar medidas drásticas, mas apenas ajustes localizados para evitar a hiperinflação. A inflação saiu dos 366% de 1987, para atingir 933% ao longo de 1988.
Em 15 de janeiro de 1989, Maílson da Nóbrega apresentou um novo plano econômico, logo batizado de Plano Verão. O plano criou o Cruzado Novo (cortam-se três zeros); impôs outro congelamento de preços; acabou com a correção monetária; propôs a privatização de diversas estatais e anunciou vários cortes nos gastos públicos, com a exoneração dos funcionários contratados nos últimos cinco anos. Os cortes não foram feitos, o plano fracassou e a inflação disparou. Só em dezembro de 1989, os preços subiram 53,55%. De fevereiro de 1989 a fevereiro de 1990, a inflação chegou a 2.751%.
Ao deixar o Ministério, em 1990, Maílson associou-se a outros técnicos do Ministério da Fazenda que compartilhavam com ele as idéias neoliberais – Gustavo Loyola, José Márcio Camargo, Edward Amadeo, Nathan Blanche, Roberto Padovani e Gesner Oliveira – para fundar a Tendências, uma firma de consultoria econômica.
Com informações da Agência Estado e Wikipedia