Amorim vê episódio com Chávez como “uma nuvem que passa”

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, considerou como “arroubos”, de uma “retórica” que “pode ter saído”, o episódio envolvendo o Senado brasileiro e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. “É uma nuvem  que passa”, disse Amorim

“Minha expectativa é de que todos os arroubos retóricos possam refluir e que as relações possam voltar à normalidade que têm. Isso exige capacidade de contenção de todos”, disse Amorim. “A retórica pode ter saído. Mas isso é uma coisa que às vezes dura um dia, dois dias. É uma nuvem que passa. Veremos.”



O chanceler circunscreveu seu comentário à observação sobre o Senado que foi atribuída a Chávez, sem se pronunciar sobre a não renovação da concessão pública ao canal privado golpista RCTV, que expirou neste domingo na Venezuela. Apesar dos editoriais irados da mídia brasileira, o governo tem tratado o episódio como um assunto interno venezuelano.



“Podemos ter internamente as divergências que tenhamos com esse ou aquele setor do Congresso, mas a independência, a dignidade, os princípios democráticos e nacionais do Congresso brasileiro não podem estar e não estão nunca em jogo. Certamente, não é apreciável que uma autoridade estrangeira, seja ela qual for, se manifeste sobre nosso Congresso”, comentou.



Nesta sexta-feira, o Itamaraty divulgou uma curta Manifestação do presidente da República a propósito de declarações atribuídas ao presidente da Venezuela. O texto de uma só frase diz que, “tendo tomado conhecimento, em Londres, de declarações atribuídas ao presidente Hugo Chávez a respeito do Congresso brasileiro, o presidente Lula reafirmou seu total apoio às instituições brasileiras e expressou seu repúdio a manifestações que coloquem em questão a independência, a dignidade e os princípios democráticos, que norteiam essas instituições”. Na tarde de sexta-feira, o embaixador da Venezuela foi convocado pelo Itamaraty para explicar a afirmação atribuída a Chávez.



Durante cerimônia no Palácio de Miraflores, na quinta-feira, comentando a moção do Senado de Brasília que pedia o prolongamento da concessão, o presidente venezuelano teria declarado que “o povo do Brasil não merece que o Congresso apareça repetindo como um papagaio o que dizem em Washington”.



Da redação, com agências