Congresso da Unegro em SP: “O destaque é o crescimento”

A etapa paulista do 3º Congresso da Unegro (União de Negros pela Igualdade) concluiu-se na noite de sábado (2), no Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera. Nos debates, os 173 ativistas presentes deixaram evidente que a entidade da rebelião contra o racis

A plenária no Museu Afro coroou um processo de discussões em nível local, com 480 participantes em 15 municípios paulistas. Por sua vez, o encontro paulista escolheu os delegados ao 3º Congresso Nacional, no Rio de Janeiro, entre os dias 14 e 17 de junho próximo. Na etapa nacional está prevista a participação de cerca de 500 delegados, eleitos em 23 encontros estaduais.



“É a maior mobilização nossa”, relata Edson França, que também é  membro do Conselho Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) e da coordenação da Conen (Coordenação Nacional de Entidades Negras). Mas não foi só a quantidade. A presença de gente como o rapper Rappin Hood, ou da professora Eunice Prudente, primeira mulher e primeira negra a ocupar o cargo de secretária da Justiça do Estado de São Paulo, apontou o crescimento da Unegro-SP. A proclamação de que a Unegro está em construção e busca o diálogo como outras áreas do pensamento anti-racista ajudou a expansão.



Mapa dos 3 mil quilombos do Brasil



Em uma organização que ganha raízes, o debate das teses cruzou muitas questões específicamente do movimento negro com as de várias outras vertentes dos movimentos sociais. Um delegado levantou o tema do movimento negro nos sindicatos. Trabalhadores rurais ligados à luta pela reforma agrária trouxeram para o asfalto da capital as bandeiras do homem e da mulher do campo. Os jovens insistiram na luta contra a redução da maioridade penal, abordando o viés racial da questão. Uma ativista do movimento comunitário reclamou a organização de creches em eventos como aquele, para facilitar a participação feminina. A descrimininalização do aborto deu lugar a um vivo debate, com maioria de intervenções favoráveis, mas sem unanimidade.



No encerramento do encontro, foi lançado o Mapa dos Quilombos. Em formato quatro vezes maior que um cartaz padrão, o mapa localiza mais de 2.600 remanescentes quilombolas, 700 quilombos históricos e 40 insurreições de trabalhadores escravizados em todos os quadrantes do Brasil.  Publicada pela primeira vez no terceiro centenário de morte de Zumbi dos Palmares (1995),  de autoria de Bernardo Joffily, com ajuda do historiador Clóvis Moura, a obra foi agora ampliada  e reimpressa por iniciativa da Unegro-SP.



De São Paulo