Eleições em Buenos Aires: Filmus, o candidato que veio de baixo

Daniel Filmus, segundo as pesquisas de boca de urna, vai para o segundo turno na eleição para prefeito de Buenos Aires. Roberto Molina, correspondente da agência cubana Prensa Latina, escreveu este perfil, simpático, do candidato apoiado pelo pre

Subestimado pelos analistas políticos, o candidato a prefeito de Buenos Aires Daniel Filmus superou em um mês uma desvantagem considerável e hoje está em segundo lugar na preferência dos eleitores.



Ele foi fonsiderado o mais buenairense dos três candidatos que encabeçaram as pesquisas do primeiro turno. Deu respostas precisas às numerosas provas de ''portenhidade'' a que os três foram submetidos. É hoje ministro da Educação e tem 51 anos.



Filho de um imigrante vindo da Romênia com uma imigrante da Polônia, nasceu no modesto bairro portenho de La Paternal. Passou a infância, adolescência e juventude em escolas públicas, inclusive noturnas, pois teve de começar a trabalhar aos 11 anos.



Alfabetizador e professor



Foir alfabetizador em bairros pobres, um cenário duro e desigual, que pode ter contribuido para a escolha da Sociologia como carreira universitária e da profissão de educador. Fez pós-graduação em Educação de Adultos e mestrado em Educação.
Deu os primeiros passos como líder na década de 80, como presidente da Associação de Graduados em Sociologia. Colegas de estudo descrevem-no como uma pessoa que se destaca, muito sociável, com espírito de equipe e um amigo incondicional, sério e honesto.



Tornou-se pesquisador na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, sediada na Argentina. Por oito anos foi diretor da Faculdade.



Seus passos na vida pública começaram em 1989, como secretário de Educação da cidade de Buenos Aires. Renunciou ao cargo em 1992 para voltar em 2000 e permanecer por três anos, até aceitar o convite para ministro, em 2003.



O ministro dos 6% do PIB para o ensino



Colaboradores próximos a Filmus destacam sua dedicação à tarefa de tirar o sistema geral de educação do colapso, depois da desagragação sofrida durante a década de governo do então presidente Carlos Saúl Menem. Destacam também seu apego à legalidade.



Atribui-se à gestão de Filmus no ministério, como o próprio Néstor Kirchner salientou recentemente, a solução dos praves problemas salariais dos professores das províncias, a construção de 700 novas escolas e o projeto de lei de reforma educacional, recém-aprovado.



Ele é também o autor do decreto, aprovado pelo Congresso Nacional, que destina à educação 6% do PIB (Produto Interno Bruto) argentino, até 2010.



Com estes resultados, e sempre partindo de baixo, Daniel Filmus assumiu o desafio de disputar a prefeitura portenha, um pilar importante do projeto de concertação plural impulsionado por Kirchner para ganhar as presidenciais de outubro e dar seqüência a seu programa de governo.



As pesquisas dão vantagem ao rico empresário e candidato da direita Mauricio Macri. Porém a rápida ascenção de Filmus, ultrapassando o atual prefeito Jorge Telerman, já produziu neste domingo um segundo turno.