Venezuela desafia arrogância de Condolezza em reunião da OEA

O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, não aceitou as declarações grosseiras da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, contra a não-renovação da Radio Caracas Televisión (RCTV). Em resposta imediata, Maduro acusou os Estados Unidos de liderar

Condoleezza, desrespeitando a agenda da reunião, pediu que uma comissão da OEA fosse a Caracas para “investigar” o caso da RCTV. Em 27 de maio, o canal, abertamente golpista, saiu do ar, depois que sua licença não foi renovada pelo governo. Como a medida de Chávez foi legítima, Maduro reagiu, denunciando o “intervencionismo inaceitável” da Casa Branca. “Existe um novo plano de desestabilização contra a Venezuela – e por trás estão os Estados Unidos.”


 


Apesar de não estar na agenda, o caso da RCTV dominou a primeira sessão da Assembléia Geral da OEA, cujo tema central é “Energia para o desenvolvimento sustentável”. Pela vontade de Condoleezza, a missão da OEA à Venezuela deveria ser encabeçada pelo próprio secretário-geral do organismo, José Miguel Insulza.


 


“O presidente George W. Bush e eu concordamos em pedir ao secretário-geral para que viaje à Venezuela para consultar de boa-fé com todas as partes interessadas e apresentar um relatório completo aos chanceleres através do Conselho Permanente da OEA”, provocou a secretária, omitindo os motivos que levaram à não-renovação.


 


Respeito à soberania


 


O discurso não intimidou Maduro. “Nosso povo enfrentará (esse plano) nacional e internacionalmente. Com a experiência acumulada conseguiremos, derrotá-lo – e nossa democracia sairá fortalecida.” Ao plenário da OEA, o ministro disse que Condoleezza “violentou” a agenda da reunião ao propor a inclusão do caso RCTV.


 


“Temos mais liberdade de expressão do que muitos países que tentam desfraldar a bandeira da liberdade de expressão”, afirmou Maduro. “A Venezuela exige respeito à sua soberania. Temos uma democracia plenamente consolidada, participativa, ampla”. O ministro assinalou que a decisão de não renovar a licença da RCTV foi uma decisão justa e constitucional, para romper o monopólio e abrir a porta “aos excluídos de sempre”.


 


A Venezuela “não aceita ser classificada de nenhuma maneira e muito menos pelo governo que manteve e financiou todos os processos de desestabilização contra o presidente Chávez”, acrescentou o chanceler.


 


Como Hitler


 


Tais palavras abriram passagem para uma invocada réplica de Condoleezza, que disse que “a democracia e os direitos humanos sempre devem estar em debate”. Nervosa e isolada, a secretária de Bush se levantou e abandonou o salão de deliberações. Suas críticas não foram avalizadas por funcionários da OEA, e a proposta da comissão passou em branco.


 


Maduro não se importou com a retirada e pediu novamente a palavra. Comparou a situação dos direitos humanos sob o governo do presidente americano, George W. Bush, com as práticas ditatoriais do nazismo. “É uma coisa monstruosa – comparável só à era de Hitler – que neste dia e nesta época haja prisões clandestinas com prisioneiros sem rosto e prisioneiros sem nome.”


 


Foi um ataque à carceragem que os Estados Unidos mantêm na base naval de Guantánamo, encravada em Cuba – onde estão presos, irregularmente, 380 suspeitos de terrorismo. Maduro pediu aos Estados Unidos que permitam que a TVes – emissora estatal que substituiu a RCTV – possa ir ao local e entrevistar os presos. O chanceler também sugeriu que uma comissão da OEA investigue a prisão.


 


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