OAB: investigação sobre Vavá “é muito bom para a democracia”

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, considerou hoje (05) “um bom sinal para a democracia” o fato de a casa do irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Genival Inácio da Silva, o Vavá, ter sido vistoriada durante

 


Cezar Britto ressalvou, contudo, que a liberdade que a PF desfruta para investigar “tem que ser exercida dentro dos limites da legalidade, tem que respeitar os parâmetros da garantia do direito de defesa, a garantia do devido processo legal e de não exposição da pessoa a público”. Para ele, todos esses princípios “têm que ser observados, mas a liberdade de investigação tem que ser assegurada num país democrático”.


 


O presidente nacional da OAB salientou que todos podem ser investigados, independentemente de patentes, cargos, parentescos ou relações de amizade. “O lado ruim também nessa investigações é a sensação de que a corrupção tomou conta de todos, ao atingir diversos set ores como a magistratura, a advocacia e vários outros segmentos que merecem credibilidade. Esse é um lado ruim, mas há o lado bom de saber que as coisas estão funcionando; é importante passar para a República a idéia de que todos podem ser investigados”.


 


Britto ainda observou que considera correta a afirmação do presidente da República de que não fará qualquer intervenção no processo de investigação. “E nem pode fazer porque a Polícia Federal é livre na sua investigação, de modo que se houver uma intervenção na função de investigação é um crime; portanto, a declaração do presidente soa como uma declaração republicana”, sustentou.


 


Indiciamento


 


Vavá foi indiciado por tráfico de influência no Executivo e exploração de prestígio no Judiciário, segundo reportagem publicada nesta terça-feira pela Folha. A Polícia Federal realizou ontem busca e apreensão na casa do irmão de Lula, em São Bernardo, no ABC Paulista.


 


A reportagem informa ainda que a PF pediu a prisão de Vavá, mas a Justiça indeferiu o pedido alegando que o tráfico de influência e a exploração de prestígio não beneficiaram a máfia dos caça-níqueis e que ele não faria parte da quadrilha.


 


O presidente Lula elogiou o trabalho da Polícia Federal realizado na Operação Xeque-Mate, mas disse não acreditar no envolvimento de seu irmão com o esquema. “Não acredito que ele tenha envolvimento com qualquer coisa. Agora, como presidente da República, se a Polícia Federal tinha uma autorização judicial e o nome dele aparecia, paciência”, disse na Índia.


 


Lula afirmou ainda não ter conversado com o irmão sobre o caso. “Eu sei poucos detalhes, as pessoas ainda não foram ouvidas. O que peço é que a polícia tenha serenidade nas investigações para que a gente não condene inocentes e não venha a absolver culpados”, afirmou.


 


Depoimentos


 


A Polícia Federal de Mato Grosso do Sul espera tomar os depoimentos dos 77 presos pela Operação Xeque-Mate, da Polícia Federal, até esta quarta-feira, por vota das 12h.


 


A operação, deflagrada nos Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Rondônia e Minas Gerais, prendeu acusados de envolvimento em crimes como contrabando de peças para máquinas caça-níqueis, corrupção e tráfico de drogas.


 


O primeiro inquérito policial tinha por objetivo apurar a prática de contrabando e descaminho de componentes eletrônicos para a utilização em máquinas caça-níqueis. A suposta quadrilha –que agia nos Estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rondônia– pratica os crimes de contrabando e descaminho, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, sonegação fiscal, formação de quadrilha, tráfico de influência e exploração de prestígio.


 


O segundo inquérito policial apurava a corrupção de policiais civis e seu possível envolvimento com tráfico de drogas no Estado do Mato Grosso do Sul. Segundo a PF, surgiram “alvos” comuns nos dois inquéritos e suas ações coincidiam nos atos criminosos dos grupos ligados à “máfia dos caça-níqueis”.


 


Dos presos pela PF, ao menos 67 já estão no Mato Grasso do Sul –56 que foram presos no Estado e outros 11 que foram transferidos de São Paulo.


 


Da redação,
com agências