Uruguai: Militares admitem enterros clandestinos na ditadura

Os chefes de dois batalhões do exército uruguaio admitiram perante a Justiça a possibilidade de que tenham sido feitos enterros clandestinos de prisioneiros políticos assassinados durante a ditadura (1973-1985), informou nesta segunda-feira (4) o jornal <

O general Mario Aguerrondo, chefe do batalhão da Infantaria Mecanizada Número 13, de Montevidéu, onde no final de 2005 apareceu enterrado o corpo do professor universitário Fernando Miranda, desaparecido três décadas antes, disse que “algo muito grave” pode ter acontecido nesse lugar, e acusou um chefe militar falecido.



Aguerrondo, chefe do Batalhão 13 entre os anos de 1975 e 1978, declarou na semana passada perante o juiz Luis Charles e a promotora Mirtha Guianze, que investigam o desaparecimento de alguns dos 200 uruguaios desaparecidos durante o regime.



Segundo a reportagem, Aguerrondo admitiu que em 1976 foi realizada uma operação da Inteligência no prédio por ordem do então comandante do exército, o falecido general Julio Vadora. Ele afirmou ainda que Vadora o ordenou que “deixasse livre”, “retirasse os guardas” e “não ocupasse” o prédio porque efetivos da Inteligência entrariam.



Aguerrondo disse que não sabia do motivo dessa decisão de Vandora, mas quando o juiz o perguntou se imaginava o que pode ter acontecido, respondeu: “Algo muito grave”. Ao ser questionado novamente, o chefe militar acrescentou que pode ter acontecido algo “como matar alguém”.



Vadora, acusado de graves violações aos direitos humanos, morreu em janeiro de 2005, aos 84 anos. Os chefes do Batalhão da Infantaria Paraquedista Número 14 na época investigada, os generais Yelton Bagnasco e Regino Burgueño, negaram ante o juiz que tenham acontecido enterros clandestinos, mas não fecharam essa possibilidade, segundo o Ultimas Noticias.



Fonte: Ansa Latina