Oposição patina na coleta de assinaturas para nova CPI

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), um dos principais responsáveis por colher as assinaturas para a CPI da Navalha, já está convencido de que as investigações não acontecerão. Apesar de já contar com uma assinatura a mais do que o mínimo necessário na Câma

Sem 15 votos do DEM, a oposição não conseguiu avançar nesta terça-feira (12) na coleta de assinaturas em favor da criação da CPI da Navalha e deixou para amanhã um último esforço. No sentido contrário, o líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE), fez até corpo-a-corpo no plenário para evitar novas adesões à proposta de investigação sobre o envolvimento de parlamentares na máfia das obras. No início da noite, o número de assinaturas era o mesmo da véspera: 172, apenas uma a mais do que o mínimo necessário para instalação da CPI.


 



“Vou criar o departamento anti-CPI na liderança, porque não faço outra coisa”, brincou o sempre bem-humorado líder do governo, depois de convencer dois parlamentares do PMN a não assinarem o pedido de CPI, levado até eles no plenário pelo deputado Júlio Delgado (MG), da ala oposicionista do PSB. “Com 172 assinaturas, estamos no limite. É melhor esperar mais adesões, porque os líderes do governo já estão até com requerimento pronto para retirada de assinaturas”, afirmou Delgado, depois da tentativa frustrada de ampliar a adesão do PMN.


 


Mais tarde, em outra declaração, o deputado jogou a toalha: “Estou conformado que fizemos o nosso trabalho e que não conseguiremos avançar, então não adianta mais. Agora queremos apenas que quem assinou e vai retirar as assinaturas deixe muito claro porque o fez”, disse Delgado.


 


O líder do DEM, Onyx Lorenzoni (RS), também não escondia o constrangimento por causa de grande parte dos deputados da Bahia e de Sergipe que se recusa a assinar a CPI, por causa da suspeita de envolvimento do deputado Paulo Magalhães (DEM-BA) –sobrinho do senador AntÕnio Carlso Magalhães– e do ex-governador sergipano João Alves Filho em um suposto esquema de corrupção para beneficiar a construtora Gautama. Também não assinaram o pedido de CPI democratas do Maranhão e do Piauí. “Ainda estou tentando fazer alguns assinarem. Mas não dá para botar a culpa na gente”, disse o líder do DEM.


 



Embora tenha proposto a CPI por causa do escândalo da máfia das obras apurada na Operação Navalha, a oposição trabalha para incluir a Operação Xeque-Mate nas investigações. Os oposicionistas acreditam que, com isso, conseguirão criar constrangimentos para o governo Lula por causa do indiciamento de pessoas próximas ao presidente. Maldosamente, alguns parlamentares já estão apelidando a iniciativa de “CPI do Vavá”, numa referência a Genival Inácio da Silva, irmão mais velho do presidente Lula.


 


Plano B


 



Se a CPI da Navalha naufragar, a tentativa da oposição será emplacar a CPI dos Jogos Ilícitos, proposta pelo tucano Carlos Sampaio (SP). “Precisamos ter humildade de saber que a oposição sozinha não consegue 171 votos para abrir uma CPI. Temos que ter 40 ou 50 votos do outro lado (governistas)”, reconheceu Onyx Lorenzoni.


 


O problema desta segunda opção é que o Congresso já teve uma CPI para investigar os jogos ilegais, a CPI dos Bingos, que, mesmo sob controle absoluto da oposição, terminou sem apresentar resultados efetivos e ainda aprovou um relatório que sugeria a liberação condicionada dos bingos.


 


Da redação,
com agências