Vereador André Nardoto denuncia lixão de São Mateus no norte do ES

Além do vereador, cerca de setenta pessoas protestaram com faixas na audiência. O movimento, dos moradores dos bairros Litorâneo e Jambeiro, denuncia que o lixão será construído a menos de 40 metros de duas nascentes que deságuam no rio Cricaré, na mesma

Surpresa na audiência sobre o Plano Plurianual realizada em São Mateus nessa segunda-feira (11): houve manifestações e uma denúncia do vereador André Nardoto (PCdoB) sobre o lixão de São Mateus. Segundo ele, houve a participação de funcionários do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), na consultoria feita para a instalação do empreendimento.


 


“Funcionários do Iema participaram do estudo feito para a instalação do lixão. A consultoria fica comprometida porque é claro que vai ser aprovada pelo órgão”, disse o vereador. Segundo ele, a instalação do lixão no local escolhido é uma grande infelicidade para a região e demonstra que não houve nenhum respeito às regras ambientais.


 


O vereador informou que vai investigar a licitação feita para a contratação da consultoria relacionada aos estudos do lixão.


 


Além do vereador, cerca de setenta pessoas protestaram com faixas na audiência. O movimento, dos moradores dos bairros Litorâneo e Jambeiro, denuncia que o lixão será construído a menos de 40 metros de duas nascentes que deságuam no rio Cricaré, na mesma região onde serão construídos o Centro Universitário do Norte do Espírito Santo (Ceunes) e o Centro Federal de Educação Técnolópgica (Cefetes).


 


Segundo a coordenadora do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário do norte do Estado (UFES), Mônica Maria Pereira Tognella de Rosa, para a implantação do aterro o estudo não contempla a existência de área de influência direta de duas fontes de extração de água mineral. Não fizeram ainda um estudo geológico prévio, que exige o descarte de áreas com importantes mananciais hídricos superficiais e subterrâneos que precisam ser preservados.


 


Não contemplou ainda questões como o levantamento topográfico da área do aterro sanitário e nem foi feita uma análise de mapa topográfico da região indicando a declividade do terreno e nem dos locais vizinhos.


 


“Em relação à contaminação, as lâmpadas fluorescentes compactadas ou tubulares de grande utilização nos dias de hoje contêm mercúrio e, ao serem manuseadas e quebradas, irão liberar vapor de mercúrio. O metil mercúrio é altamente tóxico e cancerígeno, com efeito cumulativo. A tendência de drenagem no local é a calha do rio São Mateus, de acordo com os estudos feitos. Organismos filtradores, como os moluscos, são fontes de armazenamento e acumulação de metais e outros elementos tóxicos que vão passar diretamente ao homem”, diz o documento assinado pela coordenadora de Ciências Biológicas do Ceunes.


 


Os moradores da região questionam a validade dos estudos feitos e criticam o Termo de Ajuste entre o empreendimento e o Iema, que permitiu a instalação do lixão. Afirmam que a região será prejudicada nas questões ambientais, sociais e econômicas.


 


Na ocasião das primeiras denúncias, o Iema informou que as normas para a instalação do lixão vêm sendo seguidas e o Termo de Ajuste entre as partes está apenas precedendo o licenciamento ambiental, que virá, após todos os termos exigidos no Termo de Ajuste serem cumpridos pela empresa Araribóia, responsável pelo lixão.


 


Ainda assim, os moradores alertam que além do ambiente contaminado o lixão irá desvalorizar os imóveis da região, a água que é captada próximo ao local e abastece as casas e comprometerá o projeto de construção de um futuro hospital universitário. Reclamam ainda que não foram consultados sobre o empreendimento e que o Termo de Ajuste não deve preceder um Licenciamento Ambiental.


 


A insatisfação dos moradores já foi levada à Câmara Municipal, ao Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Conselho Estadual de Meio Ambiente, Conselho Estadual de Recrusos Hídricos, Iema, Ibama, presidência da República, deputados estaduais, deputados Federais e senadores, mas sem nenhuma resposta até o momento.



Flávia Bernardes


Fonte: www.seculodiario.com.br