Renan: ''Não saio. Estou tranqüilo. Sofro pressão só da imprensa''

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), confirmou ontem (19) que não está disposto a deixar a presidência da Casa, apesar da pressão que a mídia conservadora vem fazendo neste sentido. ''Não saio. Estou tranqüilo. Sofro pressão só

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) negou nesta terça-feira (19) que esteja disposto a deixar o cargo. A grande imprensa, sobretudo os grandes jornais como  Folha de S. Paulo, O Globo e Estadão, elevaram, à condição de manchete o fato de alguns poucos parlamentares da oposição e do PMDB terem defendendo que Renan Calheiros se licencie do cargo até a conclusão do processo por suposta quebra de decoro parlamentar que corre contra ele no Conselho de Ética da Casa. O fato é que apenas dois senadores, Pedro Simon (PMDB-RS) e Jefferson Peres (PDT-AM), conhecidos por adotar posturas moralistas diante de qualquer denúncia publicada pelos jornais, defenderam publicamente o afastamento de Renan.


 


''Eu acho que esse é o momento que sua Excelência deveria, por contra própria, renunciar ao mandato de presidente do Senado'', defendeu Simon.


 


Na opinião do senador peemedebista, se Renan deixar a presidência da Casa poderá ''honrar sua história política'' antes de manchá-la com novas denúncias.


 


Assim como o peemedebista, o senador Jefferson Peres reiterou do plenário a defesa do afastamento de Renan. ''Trata-se de um amigo, mas temos que lidar com a razão ao invés do coração. A instituição está acima das pessoas. Se o Conselho de Ética tiver que punir, tem que punir. Senão vai ser a descrença total dessa instituição.''


 


''Não saio. Estou tranqüilo. Sofro pressão só da imprensa'', disse o presidente do Senado nesta terça-feira ao ser abordado por jornalistas.


 


Nenhuma acusação concreta pesa contra o presidente do Senado, mas ganhou ares de escândalo o fato dele ter solicitado a um amigo, Cláudio Gontijo, que é lobista de uma construtora, para intermediar a negociação para pagamento da  pensão à jornalista Mônica Veloso –com quem Renan Claheiros tem uma filha.


 


O líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), disse que Renan vai provar inocência no final de investigação. ''O que está acontecendo é boataria, especulação de toda ordem. É um absurdo falar em renúncia. Temos que esperar o resultado da perícia da Polícia Federal antes de reunirmos qualquer conclusão sobre esse caso.''


 


Por sua vez, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) fez longo discurso em Plenário avaliando a repercussão da última reunião do Conselho de Ética. Ele lamentou que, quando se trata de políticos, o preceito constitucional de que todo cidadão é inocente até que se prove o contrário é invertido.


 


''Acho que as pessoas estão confundindo, estão julgando a história de Renan Calheiros. Eu não vou julgar a história de Renan Calheiros. O Conselho de Ética se encarrega de julgar, de apreciar um ato, um ato de sua vida, e não a sua história'' disse.


 


Já o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) –que foi escolhido na noite de ontem para ser o novo relator do caso Renan no Conselho de Ética, em substituição ao ex-relator Epitácio Cafeteira (PTB-MA)–, explicou que um erro de digitação levou a uma denúncia de que Renan teria apresentado dois recibos com um mesmo número de cheque. Salgado mostrou os documentos com os cheques originais que comprovam o erro de digitação. Em seguida, rasgou as cópias dos documentos. ''O senador Renan Calheiros não é mais o presidente do Senado, é o alvo. É aquele que tem que ser atingido todos os dias por todos os jornais. Ele me apresentou os dois cheques e os dois recibos. Estão aqui. Mas essa prova não vai ser mostrada no jornal. O que querem que a gente faça? Isso? [Nesse momento ele rasgou as cópias]. É isso que temos que fazer com as provas?'', perguntou Wellington Salgado.


 


Da redação,
com agências


 


Matéria atualizada às 7h30 para acréscimo de informações