De ponto em ponto, costuram-se sonhos
Curso de corte e costura dá novo rumo à vida de 20 mulheres do Parque Santa Maria e de comunidades vizinhas.
Publicado 20/06/2007 13:47 | Editado 04/03/2020 16:37
O desfile está marcado para o próximo dia 30, o nome da grife já foi definido – Elas e Elas- e o primeiro contato com a imprensa, feito ontem e, pelo menos por enquanto, a intenção de 20 mulheres do Parque Santa Maria e de comunidades vizinhas de Fortaleza é montar um ateliê de verdade.
A iniciativa partiu da organização não-governamental Convida, com patrocínio da Ong Visão Mundial e apoio do Sebrae e do Senac. O curso começou em maio passado e segue até agosto próximo, com pouco mais de três horas diárias de duração, de segunda à sexta-feira. Além das aulas de corte e costura e as noções de modelagem, as mulheres têm ainda acompanhamento psicológico.
A maioria delas é dona de casa. Luzineide Rodrigues Bezerra, de 46 anos é esposa de José Alberto e divide com ele o trabalho de confeccionar vassouras de garrafa descartável. Ela é mãe de quatro filhos e costureira por amor e vocação. O marido era vendedor ambulante, mas um assaltante quebrou-lhe o braço e o fez desistir desse trabalho. Ele passou, então, a se dedicar ao artesanato de madeira. Ela ainda complementava a renda com o dinheiro de alguns cortes de cabelo e da estamparia em tecido.
Assim vinham vivendo os dois até o começo de maio deste ano, quando a ela foi apresentado o curso de corte e costura e veio com Alberto a oportunidade esperada para mudar de novo o rumo da história. “No começo, ele (o marido) não botava muita fé. Aos pouquinhos, fui convencendo a família toda de que era possível ganhar dinheiro com o que realmente se gosta de fazer. Se você não tenta, nunca vai conseguir, né?”.
Não com a mesma firmeza, mas com similares brilho nos olhos e respiração ofegante de quem quer dizer ao mundo que está feliz, a catadora de lixo Mônica Miranda do Nascimento, de 36 anos, segrega no cantinho do ateliê improvisado no Parque Santa Maria a certeza da realização de um sonho.
– E o lixo, não tem vontade de largar?
– Tenho sim, mas, pelo menos agora, não dá não…
– Dele, dá para tirar quanto num dia bom?
– Uns R$ 10. Mas tenho que encher um carro grande até não poder mais.
– A família gostou dessa história de corte e costura?
– Tu me acredita que o marido vem me deixar na aula?
Veja as opiniões de outras participantes do curso:
Jorgiane Gonzaga (32 anos – dona-de-casa)
Aqui, nesse curso, eu me encontrei. Sinto uma felicidade enorme toda vez que pego em agulha e linha.
Jaqueline Freire – (31 anos – dona-de-casa)
No começo, quase desisti. Ficava preocupada com os meus filhos. Agora sei que vai dar certo. Já deu.
Mais informações:
Desfile da grife Elas e Elas, na Av. Perimetral, dia 30 de junho, às 9h
(85) 3275.6123
Fonte: Diário do Nordeste