Um papo com Adélia Prado e Rubem Alves
Escritores estão na programação de hoje do Salão do Livro e falam sobre escrita e pensamento
Publicado 20/06/2007 15:18 | Editado 04/03/2020 16:52
Mestres na arte de escrever e no exercício de pensar, os escritores Rubem Alves e Adélia Prado sentam lado a lado para conversar sobre o tema da escrita e do pensamento, hoje, às 20h, dentro da programação do 8º Salão do Livro e Encontro de Literatura, na Serraria Souza Pinto. Aproveitando esta grande reunião da literatura, Rubem Alves lança o seu mais novo livro – “Pensamento que Penso Quando Não Estou Pensando” – e diz que, como o encontro será uma conversa com Adélia Prado, ele “nunca sabe direito o que o que vai dizer”.
“O que é interessante sobre a arte de pensar é que não podemos ficar com os pensamentos agarrados na mão”, comenta o escritor, que dá o conselho: “Ande com um caderninho nas mãos e anote as coisas insignificantes”. “É a partir do cotidiano que tanto eu como a Adélia fazemos nossa literatura. Uma coisa maravilhosa na Adélia é a sua capacidade de trazer a poesia para a casa, para a cozinha, para coisas extremamente simples”, comenta Rubem.
Segundo o escritor, a obra que vai lançar hoje no Salão do Livro “tem tudo a ver com o tema da palestra”: “Quando o filósofo exerce o exercício do pensamento, ele manipula e controla o seu pensamento. Mas temos uma outra experiência do pensamento, quando este vem inesperadamente. É o que acontece com a poesia. Picasso dizia: ‘Eu não procuro o pensamento, eu o encontro”.
Escrita da memória
Embora o tema desta edição do Salão do Livro seja a imigração italiana, o convidado de hoje do Encontro Marcado é o escritor Roniwalter Jatobá, que dedicou toda a sua obra ao tema da migração dentro das fronteiras nacionais. Jatobá nasceu em Campanário, no Vale do Jequitinhonha, mas se mudou com a família para a Bahia, ainda na infância, e hoje vive em São Paulo. Foi justamente essa trajetória pessoal o que influenciou a literatura deste escritor, que, segundo ele mesmo, enfoca basicamente essa migração brasileira, “principalmente os imigrantes que vêm de Minas e da Bahia para São Paulo”.
Minha literatura é um reflexo da minha memória. Como dizia Borges, o binóculo é uma extensão do olho, a enxada e o arado uma extensão da mão e a memória, extensão da imaginação. Falo muito de minha memória, comenta Jatobá. Quando chegou na capital paulista, aos 20 anos, Jatobá foi trabalhar na área gráfica da Editora Abril.
De gráfico, passou a jornalista da editora e começou sua carreira de escritor, publicando os livros de contos “Sabor de Química” e “Crônicas da Vida Operária”, finalista do Prêmio Casa das Américas de Cuba, em 1978. Desde então vem publicando com regularidade. Entre os mais recentes estão “Pavão Misterioso”, finalista do Prêmio Jabuti, em 2000, e “Paragem”, também finalista do mesmo prêmio em 2005.
AGENDA – Salão da Livro, na Serraria Souza Pinto, das 9h às 22h. Entrada franca.
Fonte: Jornal O Tempo