A estratégia da direita argentina para derrotar Kirchner
O fervor da direita argentina de dispor de uma candidatura única contra o presidente Néstor Kirchner nas eleições de outubro se dissipou com a vitória de Maurício Macri para a província de Buenos Aires, no último domingo. Por outro lado, os principais can
Publicado 27/06/2007 16:22
A vitória de Macri acabou gerando um impacto duplo e contraditório na Argentina. Pouco depois de derrotar o grupo de Kirchner, o próximo governador de Buenos Aires descartou a possibilidade de encarar uma nova eleição em outubro, mas se mostrou disposto a dar todo o apoio necessário a uma alternativa da oposição. Nesta terça-feira (26), no entanto, garantiu que seu partido, o PRO, terá candidatura própria.
É certo que nada ainda está definido, mas para setores da direita argentina resta agora a opção do ''cada um por si'', com vistas a um ''todos contra Kirchner'' no segundo turno das eleições.
Puerta, Murphy e Lavagna: vitória de Macri reanima a direita argentina
Esse ponto de vista fica bem claro no posicionamento defendido por Ricardo López Murphy, um dos líderes de outro partido de oposição, o Recrear. Em conversas reservadas, ele vem pregando a necessidade de formalizar uma espécie de pacto de não-agressão entre os adversários de Kirchner no primeiro turno, além do comprometimento público de apoio àquele que for o mais votado.
Para Murphy, que no país é conhecido como ''bulldog'', as eleições que alçaram Macri à vitória devem servir de lição à oposição. Ele lembra que no primeiro turno os dois candidatos benquistos por Kirchner (Daniel Filmus e Jorge Talerman) trocaram tiros entre si, facilitando os trabalho do dono do Boca Juniors. ''Devemos debater propostas ao kichnerismo, e não perder tempo em brigar entre nós'', defende.
Busca por um consenso
Por sua vez, os peronistas que não fazem parte do governo Kirchner, liderados por Ramon Puerta, defendem que a oposição defina um nome de consenso para obter o apoio formal de Macri. Puerta não admite abertamente que o referido ''nome de consenso'' de seus sonhos é ele mesmo, cujo bom relacionamento com setores da direita vem de longa data.
Quem por enquanto apenas observa os recentes movimentos das forças da direita é o ex-ministro Roberto Lavagna, da UNA. A imprensa argentina diz que ele jamais aceitaria um acordo de qualquer espécie em nome de algum nome anti-Kirchner, pois crê que ele é o candidato mais indicado para derrotar o atual presidente.
Publicamente, Lavagna fala somente da possibilidade de se abrir uma frente com propostas comuns, que poderiam ser reunidas pelos principais rivais de Kirchner. Enquanto isso não ocorre, ele permanece de olho nas pesquisas de intenção de voto, que o colocam como candidato da oposição com melhor desempenho – chega a 12% dos votos, contra cerca de 58% do atual presidente.