Denúncia contra Jandira Feghali produz reação dos parlamentares

Em papel de luxo, colorido, ilustrado, com acusações contra a secretária de Ciência e Tecnologia de Niterói e ex-deputada, Jandira Feghali, um cartão assinado pelo Instituto Juventude pela Vida foi distribuído com os parlamentares na audiência pública

O tiro saiu pela culatra. Ao invés de conquistar a simpatia dos parlamentares para a causa contrária a descriminalização do aborto, o cartão recebeu declarações públicas de repúdio. Todos os parlamentares, inclusive os que são contrários ao projeto, como a deputada Iris de Araújo (PMDB-GO), se solidarizaram com Jandira Feghali.



Mantendo a tranquilidade, que se sobressaia em meio a disputa do público, que se manifestava com gritos e vaias, Jandira desmentiu as acusações, declarando que jamais escondeu sua posição favorável ao aborto seguro como meio de evitar ou reduzir os altos índices de mortalidade materna.



Ela disse ainda que era mentira que havia atacado a igreja católica e igrejas protestante, destacando que foi o seu Partido – o PCdoB – que garantiu no embate parlamentar a liberdade religiosa no Brasil, dominado pela Igreja Católica.



A distribuição do cartão/panfleto mereceu a avaliação dos parlamentares, como Alice Portugal (PCdoB-BA), de que esses movimentos são financiados por grandes e ricas instituições. Esse foi um dos argumentos usados pelos opositores do projeto, de que a causa da legalização do aborto é financiada por grandes instituições estrangeiras que querem interferir na taxa de natalidade do Brasil.



O cartão foi uma das muitas manifestações dos opositores do projeto. Esta foi a primeira audiência da retomada de discussão do projeto – ele foi arquivada no final da legislação, sem ter sido votado e foi desarquivado a pedido do deputado José Genoíno (PT-SP).



Manifestações



O presidente da audiência, deputado e padre José Linhares (PP-CE), passou todo o período que durou a reunião – mais de três – pedindo que a platéia não se manifestasse, respeitasse a fala dos oradores e ameaçando chamar a segurança para esvaziar o ambiente.



Os manifestantes se revezavam entre vaias aos defensores do projeto – com ênfase na figura de Jandira Feghali – e aplausos aos oradores contrários ao projeto. Os defensores do projeto procuravam manter a compostura, criticando as manifestações do opositores, o que produzia grande reação da platéia toda.



Nova audiência para debater o projeto foi marcada para o dia 29 de agosto. O deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP), relator do projeto, disse que pretende reunir o maior número de dados e informações possíveis para elaborar o seu parecer. E cobrou do representante do Ministério da Saúde os números sobre as taxas de mortalidade materna e as causas das mortes. O aborto é apontado como a terceira causa de mortalidade materna.


 


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De Brasília
Márcia Xavier