Pesquisa melhora situação de Kassab e pode dividir tucanos e democratas

Sem projeto para a cidade, Kassab melhora sua imagem impulsionado por políticas cosméticas como o Cidade Limpa. Democratas diz que candidatura é irreversível, o que pode colocá-los em choque com tucanos e acirrar ainda mais a disputa pela prefei

O final de semana foi movimentado e repleto de especulações sobre a disputa eleitoral de 2008 na capital paulista. A pesquisa que indica melhora na avaliação da gestão Gilberto Kassab, somada ao impacto do acidente com o avião da TAM e a desastrada declaração da ministra Marta Suplicy sobre a crise aérea foram os ingredientes para matérias da Folha de S. Paulo, no domingo e na segunda, sobre o tema.


 


A candidatura de Gilberto Kassab parece ter ganho um impulso. O instituto Datafolha divulgou pesquisa em que o prefeito aparece com 30% de aprovação, o que, se não é um índice estratosférico, é bem mais animador que o sofrível desempenho de 15% na anterior.


 


Kassab e seu partido, o Democratas, já demonstram mais desenvoltura. O presidente nacional do Democratas, deputado federal Rodrigo Maia, declarou em entrevista à Folha que a candidatura do correligionário é irreversível. Ao mesmo tempo, Maia conta com o apoio dos tucanos, descartando uma candidatura do PSDB: “o governador José Serra tem sido implacável na defesa da candidatura de Kassab”, afirma.


 


Mas há pressões para que Alckmin entre no páreo pelo PSDB. O grupo político do ex-governador sofre com a perda de posições no estado e com o fato de Alckmin estar sem mandato. No entanto, a candidatura não é unânime no PSDB e conta com resistências importantes, particularmente de tucanos ligados a José Serra, muitos deles ocupando postos importantes na administração municipal.


 


No caso de Marta, avalia-se o possível impacto negativo que a utilização política do desastre de Congonhas teria na eventual candidatura por sua declaração, dada antes do acidente e em resposta à crise aérea, de que a população deveria “relaxar e gozar”. O grupo político da ex-prefeita estaria discutindo prós e contras de lançá-la e no Partido dos Trabalhadores outros nomes já estariam de prontidão, como são os casos dos deputados federais Arlindo Chinaglia, Jilmar Tatto e José Eduardo Cardoso, além do senador Aloísio Mercadante e do ministro Fernando Hadad.


 


Por ora, a tendência é de que não se repita a polarização entre tucanos e petistas que ocorreu na eleição passada, com outras forças se alinhando em torno desses partidos.


 


Se tucanos e pefelistas podem não estar juntos, há também novidade política no campo da esquerda. A formação do Bloco de Esquerda – composto por PCdoB, PSB, PDT, PHS, PMN e PRB – e sua união pode gerar mais uma candidatura competitiva na capital. Nomes viáveis existem: o comunista Aldo Rebelo, a socialista Luiza Erundina e o pedetista Paulo Pereira da Silva, por exemplo.


 


Para Júlia Roland, presidente do PCdoB na capital, “Aldo se tornou uma das maiores lideranças da esquerda no plano nacional. Outras forças políticas colocam-no como uma das figuras com mais autoridade para se viabilizar como uma nova alternativa política para São Paulo e responder aos grandes problemas que a cidade tem”.


 


Outros grandes partidos ainda não se definiram e esperam o quadro se decantar. São os casos do PMDB, que além de ser um partido forte, tem um cobiçado tempo de televisão, do PTB e o PP.


 


Fator que também pode interferir significativamente nas pretensões das forças políticas é a indefinição sobre a Reforma Política. Até agora, foi derrotado o voto em lista, o que de certa maneira fere a proposta de financiamento público de campanha. Resta saber o que ainda será votado na Câmara Federal depois do recesso e o impacto das possíveis alterações no processo eleitoral.


 


Fernando Borgonovi, pelo Vermelho-SP