Simão Pedro: Tucanos montam uma operação-abafa sobre corrupção na CDHU

O deputado estadual Simão Pedro (PT) critica, em entrevista, o tratamento do governo estadual ao poder legislativo. O petista avalia que o PSDB orquestrou uma operação abafa para tirar de foco as denúncias de irregularidades no CDHU e o pos

Leia a entrevista concedida por Simão Pedro, em 16 /7, à Associação Paulista dos Jornais (APJ).


 


APJ – Qual o balanço das atividades da Assembléia neste início de legislatura?


 


Simão Pedro – Teve pontos positivos, provocados pela oposição. Votamos projetos de deputados, coisa que o governo Serra é contra. Conseguimos bloquear a volúpia do governo em aprovar projetos cuja prioridade é aumentar o poder de arrecadação da máquina do Estado. A única frustração é que não conseguimos implantar no primeiro semestre nenhuma CPI. Podemos dizer até que a produção foi razoável.


 


APJ – E as mudanças no regimento, defendidas para dar velocidade ao trabalho da Casa, serão referendadas?


 


Simão Pedro – O presidente Vaz de Lima [PSDB] colocou na pauta da imprensa que a Assembléia era muito lenta nas suas deliberações. Ele quis cortar o tempo de discussão dos projetos, tirando o direito de a gente obstruir. E aí a contrapartida foi criar uma comissão suprapartidária para estudar as mudanças no regimento. E agora que a comissão entregou a ele o parecer, ele recuou.


 


APJ – Por que houve este recuo?


 


Simão Pedro – O objetivo dele era cortar o tempo de tramitação dos projetos. Como nós introduzimos a regulamentação das CPIs, descentralizamos as decisões da mesa, ele nem receber a comissão oficialmente. E também não deu justificativa. Teve tanta pressa no início, colocou a faca no pescoço dos deputados e, agora, quando recebeu o trabalho aprovado por unanimidade por todos os partidos, não se posicionou. Ele deve esta explicação à sociedade.


 


APJ – O rolo compressor governista coloca em xeque a independência do Legislativo? Como fazer a Casa andar menos subserviente ao Palácio dos Bandeirantes?


 


Simão Pedro – Do ponto de vista da oposição, não temos objeção que a Assembléia delibere. Desde que haja espaço para debate, para audiências públicas. Desde que o Serra e seus deputados não transformem a Assembléia em um balcão de homologação único dos projetos do Executivo. Nós temos todo o interesse em votar, em colocar as CPIs, em cobrar dos secretários e fazer com que eles respondam às demandas e requerimentos.


 


APJ – Mas não é isso que vem ocorrendo…


 


Simão Pedro – Sim, mas se o governo Serra continuar tratando a Assembléia como tratou estes seis meses, governando por decreto, permitindo que só se vote projetos de interesse do Executivo, aí acho que não é nem a oposição, mas os próprios deputados da base governista que vão se rebelar.


 


APJ – Já é possível detectar focos de motim…


 


Simão Pedro – Sim, o deputado Orlando Morando [PSDB] mesmo ‘detonou’ na tribuna a tramitação do projeto da Nota Fiscal Eletrônica. Eles [bancada de Serra] também jogaram para escanteio líderes que eram fortes na legislatura passada. Mesmo dentro do PSDB escantearam os campeões de voto. Isso gerou mal-estar, o governador não tem conseguido manter a unidade da base. Isso facilitou muito o trabalho nosso aqui da oposição. Há vários sinais fortes de insatisfação.


 


APJ – E o tratamento dado pela comissão de ética no caso da CDHU e do suposto envolvimento do deputado Mauro Bragato [PSDB]?


 


Simão Pedro – Isso faz parte da operação-abafa. O governo Serra resolveu retirar os projetos para que a Assembléia entrasse em recesso o mais rápido possível e, assim, esfriasse o assunto CDHU. O fato de ele tentar construir o recesso mais rápido, aliado ao fato de jogar para mesa diretora a requisição dos documentos do Ministério Público e da Polícia Civil que mostram o funcionamento desta máfia das casinhas faz parte desta operação para protelar a investigação.


 


Fonte: FABIO ZAMBELI-DO CORRESPONDENTE DA APJ EM BRASÍLIA 


Retirado do site www.ptalesp.org.br