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Comissão investigará crimes de Lesa Humanidade na Colômbia

Desde o último dia 26 e até o próximo dia 1º de agosto, integrantes de três entidades que compõem a Comissão Ética da Memória de Crimes de Lesa Humanidade estão na Colômbia para coletar os testemunhos do povo do país sobre os crimes contra os dire

 
O intelectual e co-gestor do Fórum Social Mundial, Francois Houtart; as representantes do Observatório da Escola das Américas, Liz Deligio e Charity Reyson e um delegado do MST (Movimento Sem Terra) do Brasil participam do Encontro de Vítimas de Organizações Sociais, em Bogotá. Os integrantes da Comissão de Ética têm especial atenção com as mesas setoriais de afro-descendentes e indígenas.


 


A Comissão visitará as comunidades afro-descendentes de Curvaradó, Jiguamiandó, Cacarica e Norte del Chocó para escutar suas denuncias de violência institucional e para-institucional, além de conhecer suas iniciativas de reparação e de afirmação da dignidade. Os habitantes dessas comunidades sofreram mais de 200 crimes de Lesa Humanidade, além de 17 desalojamentos forçados, apropriação ilegal de terras e da semente de banana e palma africana. Os grupos paramilitares estão nas terras das comunidades extraindo minerais e realizando projetos de agro-negócios como a palma e a banana. Os paramilitares também continuam ameaçando de morte à população.


 


Com o povo indígena Kankuamo, os integrantes da comissão escutarão os testemunhos dos mais de 300 crimes cometidos contra a comunidade. Os indígenas querem mostrar a sistematicidade dos mesmos e a articulação de dita criminalidade com o desenvolvimento de obras de infra-estrutura sobre o rio Guatapurí. Cerca de 30 indígenas Kankuamos foram ameaçados, só na última semana, em Valledupar. Na comunidade indígena, Houtart, Deligio, Reyson e o integrante do MST participarão de um ritual da Memória e de Transferência da palavra em um lugar sagrado na população de Cota (Cundinamarca), esse é um ritual de compromisso com a vida e o esclarecimento da verdade.


 


Depois, eles viajarão para Bajo Atrato Chocoano, onde acompanharão as famílias mestiças e afro-descendentes das Zonas Humanitárias e das Zonas de Biodiversidade do Território Coletivo de Curvaradó e Jiguamiandó, durante a realização de ações de reivindicação da terra e de recuperação da Biodiversidade ante a implementação do agro-negócio da planta de azeite.


 


A Comissão de Ética acompanha a elaboração de diagnósticos sobre as violações sistemáticas de direitos humanos, interpretados como Crimes de Lesa Humanidade, seus efeitos integrais, seus responsáveis e beneficiários. E também viabiliza a reconstrução da história das vítimas. O resultado dos trabalhos da Comissão é apresentado parcialmente através de informes.


 


O relatório final, com provas e testemunhos, só será entregue a uma Comissão da Verdade, quando a Colômbia estiver em um processo autenticamente democrático.


 


Para a Comissão de Ética, o trabalho que eles desenvolvem é um espaço para se construir alternativas para a vida e para a democracia num tempo de “mentiras, em que os agressores se legitimam como heróis, as vítimas são responsabilizadas pelas ações criminais, a entidade judicial atua como convidado de pedra diante das versões cantinflescas e que tentam justificar as estruturas criminais, e se perpetua uma brincadeira que simula a justiça”.


Fonte: Adital