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Delegação cubana antecipa volta e perde encerramento do Pan

Cinqüenta e nove medalhas de ouro, 35 de prata e 41 de bronze, totalizando 135 idas ao pódio. Este é o saldo da participação de Cuba nos Jogos Pan-Americanos de 2007, que se encerram neste domingo (29), no Rio de Janeiro (RJ). Parte da delegação cubana qu

Com isso, Cuba não compareceu ao pódio do torneio masculino de vôlei — modalidade em que conquistou a medalha de bronze — e não vai participar da Cerimônia de Encerramento dos Jogos. Cuba também ficará fora da prova mais tradicional do atletismo — Norbert Gutierrez participaria da maratona neste domingo.


 


Assim que acabou a partida de voleibol com a Venezuela, o técnico Orlando Samuel explicou aos organizadores que sua equipe deveria pegar um avião e que não poderia esperar a premiação. Oficialmente, o Comitê dos Jogos Pan-Americanos do Rio (Co-Rio) foi informado cinco horas antes da partida que os jogadores não ficariam para receber as medalhas, caso as conquistassem.


 


As medalhas, segundo representantes de delegação cubana, serão enviadas para Cuba, onde os jogadores as receberão. O time venceu a Venezuela por 3 sets a 2 na tarde de sábado, no Maracanãzinho, e ficou com o bronze.


 


“Questões de segurança”


 


Seis ônibus e dois caminhões levaram cerca de 240 atletas, comissão técnica e bagagem da delegação ao aeroporto, onde um avião fretado, modelo Ylushin, de uma companhia aérea cubana já os esperava. O restante dos cubanos embarca neste domingo em outro vôo. Apenas dirigentes e poucos esportistas ficariam no Brasil para o último dia de disputa, segundo Raúl Tiago, presidente da Federação Cubana de Vôlei.


 


A medida, segundo fontes de Cuba e do comitê organizador, foi tomada por “questões de segurança” e evitar o risco de novas traições da delegação. Durante o Pan, a ilha — segunda maior potência esportiva do continente — teve quatro casos de deserção.


 


Inicialmente, Rafael Capote, da seleção de handebol, abandonou a Vila e foi abrigado por um amigo, residente no ABC Paulista. Os boxeadores Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara ainda têm paradeiro incerto. Por fim, Lázaro Lamelas, técnico da ginástica artística do país, também abandonou o Rio. Ao comentar sobre as deserções, o líder cubano Fidel Castro disse em um editorial que o fato foi “um golpe baixo” que afeta a moral dos atletas da ilha.


 


O número de 2007 não é tão grande se comparado com Pans passados. A cada edição dos Jogos, parte da delegação deserta atrás do dinheiro que o profissionalismo dos países capitalistas oferece. Começou em 1971 com seis abandonos e chegou a seu ápice em Winnipeg-1999, com 13 desertores — incentivados também por organizações anticastristas baseadas em Miami (EUA).


 


Saudade


 


No aeroporto, os depoimentos foram amenos. Pavel Pimienta, jogador da seleção de vôlei, acrescentou que sua equipe deve participar de outra competição em breve. E esclareceu: “Já estamos com saudade de Cuba. Temos que voltar. Não há nenhum tipo de protesto ou ameaça”.


 


O chefe de imprensa dos cubanos, Pedro Cabrera, também minimizou a partida antecipada da delegação e culpou na crise vivida pela aviação brasileira. “Isso é muito normal, por um problema de linhas aéreas.” Espantados com o assédio da imprensa no aeroporto, alguns atletas de Cuba se divertiram com a situação. “Estamos com uma ameaça de ciclone e por isso precisamos voltar logo”, brincou um deles.


 


Cuba e Brasil disputaram o segundo lugar do quadro de medalhas do Pan-Americano. No final da noite de sábado, o país do Caribe tinha vantagem de oito ouros (59 a 51) — e não deve ser ultrapassada.