Sucesso do Pan revela acertos da política esportiva brasileira
Depois de 17 dias de competições, de 13 a 29 de julho, encerraram hoje os 15º Jogos Pan-americano Rio 2007. O Brasil ficou com a terceira colocação no ranquing, chegando a lutar pelo segundo lugar em alguns momentos. Em relação ao Pan anterior, em Sant
Publicado 29/07/2007 22:35
A cerimônia de encerramento dos jogos neste domingo no Maracanã foi marcada por muita dança comandada pelos cantores Fernanda Abreu, Elza Soares e Arnaldo Antunes. Na cerimônia e abertura, dia 13, a idéia era fazer a platéia cantar. Hoje, o objetivo era fazer dançar. O aquecimento foi iniciado pelo DJ Malboro, com muito funk.
A quebra de protocolo que marcou a cerimônia de abertura do Pan-Americano do Rio de Janeiro não se repetiu neste domingo, na festa de encerramento. O Comitê Organizador seguiu a cartilha desta vez e viu o presidente da Odepa, o mexicano Mario Vázquez Raña, declarar a edição carioca a melhor da história.
O dirigente da Odepa afirmou que o Brasil tem capacidade para para sediar as Olimpíadas. “Nos vemos em 2016”, disse Raña, demonstrando que pode apoiar uma possível candidatura carioca. Antes, em sua fala, Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), havia decretado: “Brasil, missão cumprida”.
Mas ao contrário da abertura, a cerimônia –esvaziada por causa da chuva e do frio– empolgou em poucos momentos. As vaias, que marcaram a abertura e fizeram com que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fosse o primeiro chefe de estado a não abrir o Pan, voltaram tímidas e, desta vez sobrou também para o prefeito do Rio. Quando o presidente da Odepa citou o prefeito César Maia, o público presente vaiou, demonstrando uma briga política velada nas arquibancadas do Maracanã.
Diferente do que aconteceu na abertura da competição, desta vez as delegações entraram juntas, evitando assim as tradicionais vaias a alguns países. As pessoas presentes nas arquibancadas do estádio comemoraram muito a entrada de Thiago Pereira, grande nome do Brasil no torneio e porta-bandeira da delegação nacional.
Durante o evento, bandeiras dos países participantes caíram pelas arquibancadas do estádio, sendo sacudidas pelas pessoas, no melhor estilo dos grandes clássicos de futebol. Imagens dos medalhistas do Pan foram exibidos no telão e o público foi ao delírio, aplaudindo muito os brasileiros que apareciam, principalmente as meninas do futebol.
Junto com os norte-americanos, um grupo de mais de 100 atletas cubanos entraram no palco da festa de encerramento do Pan, desmentindo ao vivo a versão inventada pela Rede Globo de que o governo cubano havia retirado todos os seus atletas por suspeitar de uma “deserção” em massa.
O vencedor da maratona, Franck Caldeira, recebeu sua medalha de ouro no estádio, em um dos grandes momentos do evento. O hino nacional foi entoado por toda a platéia e o corredor, muito emocionado, acompanhava cantando timidamente. A medalha de Caldeira foi entregue pelo ministro do Esporte, Orlando Silva, que também foi aplaudido. Um dos comentaristas do canal de TV a Cabo, EsporTV, comentou que Orlando foi personagem muito importante nestes jogos Pan-Americanos.
Para encerrar a festa, Elza Soares, que havia cantado o hino nacional na abertura do evento, entoou “Aquarela brasileira” dando fim à grande festa no estádio e também aos Jogos Pan-Americanos, sob uma grande queima de fogos.
Investimento público
A partir de amanhã, é o momento de treinar cada vez mais para os novos desafios: Olimpíadas de Pequim, na China, em 2008; e o próximo Pan, em Guadalajara, México, em 2011.
Em coletiva de imprensa concedida no sábado, o ministro Orlando Silva, afirmou que os resultados sem precedentes obtidos pelos atletas brasileiros nos Jogos Pan-americanos são fruto da ampliação dos investimentos públicos no esporte nacional nos últimos anos.
Para ele, o grande legado do Pan é ter tornado o Rio uma cidade olímpica, definitivamente inscrita no calendário dos grandes eventos esportivos internacionais e credenciada para candidatar-se a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Prova disso seriam os campeonatos mundiais de judô, de jogos militares, de nado sincronizado e de futebol de salão que terão lugar nas instalações do Pan em 2007 e 2008.
O ministro salientou que, entre 2003 e 2006, as empresas estatais investiram mais de R$ 500 milhões em diferentes modalidades esportivas, cifra à qual se somam R$ 250 milhões provenientes da Lei Agnelo/Piva que, desde 2002, destina 2% da arrecadação das loterias federais para os comitês olímpicos e paraolímpico brasileiros. “Sem contar os investimentos do próprio ministério, que criou centros nacionais de treinamento, além de fornecer bolsas para atletas de alto rendimento sem patrocínio”, disse Silva, destacando que as verbas destinadas às bolsas devem dobrar no ano que vem.
Orlando Silva acentuou a importância estratégica de se aprofundar a integração entre esporte e educação formal. Essa visão foi consensual nas reuniões realizadas, durante o Pan, entre Silva e ministros de Esporte de diferentes países, com os quais se discutiu formas de cooperação.
O Plano de Desenvolvimento da Educação prevê a ampliação da jornada escolar, apoiada essencialmente no esporte. Já é consenso na Comissão de Educação e Esporte do Senado a necessidade de incluir no orçamento verbas específicas para construção de equipamentos esportivos nas escolas.
No balanço do Pan feito aos jornalistas, o ministro disse que o evento serviu para testar e aprovar um novo sistema de segurança pública, apoiado em planejamento e tecnologia: “Não só os jogos, com seus mais de dez mil visitantes, não registraram nenhum incidente, como houve redução dos crimes comuns no Rio de Janeiro, no período.” Ele classificou o Rio 2007 de “jogos limpos”, já que não houve nenhum caso de doping.
Os recentes avanços registrados pelo esporte nacional tendem a se aprofundar e consolidar com a Lei de Incentivo ao Esporte que o governo está para aprovar, disse o ministro Orlando Silva. A lei prevê que empresas que declaram Imposto de Renda pelo lucro real possam destinar até 4% do valor devido para patrocinar esportes. Segundo Silva, além de financiar programas esportivos de inclusão social, a lei servirá para atrair ao País técnicos de alto nível, uma forma de impulsionar esportes de menor tradição no Brasil. Foi o que ocorreu com modalidades desenvolvidas depois da aprovação da Lei Agnelo/Piva.
Da redação,
com agências