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Maior jornal da Argentina, “Clarín” vai abrir seu capital

O Grupo Clarín, que edita o maior jornal da Argentina, vai abrir o capital e lançar ações nos mercados local, americano e europeu. A operação deverá vir a público oficialmente entre setembro e outubro. Será o primeiro jornal latino-americano cotado na Bol

Procurada pela reportagem do Valor, a direção do grupo respondeu que “não pode fazer qualquer comentário”. Mas uma fonte próxima à operação confirmou a notícia, publicada na semana passada pelo concorrente El Cronista, acrescentando que o grupo pretende vender ao público entre 15% e 20% do capital da holding.


 


A fonte afirmou ainda que a abertura de capital foi aprovada em assembléia de acionistas há um mês e que os documentos necessários para registro da operação na Comissão de Valores Mobiliários argentina (CNV) e na Bolsa de Valores estão sendo protocolados esta semana em ambos os órgãos.


 


A operação envolve um percentual de capital equivalente à participação de 18% pertencente ao banco americano Goldman Sachs que no início deste ano estava negociando a venda de suas ações no grupo com a empresa sul-africana Naspers. O negócio com os sul-africanos, porém, não foi para frente por desacordo em relação ao valor dos ativos.


 


O Goldman Sachs comprou os 18% do capital do Clarín em 1999, por US$ 500 milhões, e pretendia revendê-los por esse preço, no mínimo. O Naspers teria oferecido apenas US$ 400 milhões. “O mais importante para o grupo agora é a abertura de capital, a conversa com o Naspers ficou para segundo plano”, afirmou a fonte.


 


Expansão


 


O grupo Clarín é o mais importante conglomerado de mídia da Argentina, com negócios nas áreas de edição de jornais, revistas e livros, TV aberta e paga, rádio, internet e eventos (veja quadro). Seus ativos estão avaliados no mercado em aproximadamente US$ 3 bilhões.


 


A venda de 15% a 20% das ações significaria a entrada de US$ 450 milhões a US$ 600 milhões – exatamente o que o Goldman Sachs pedia por suas ações. Mas, segundo outra fonte próxima ao negócio, o objetivo da captação é reforçar os planos de expansão.


 


O carro-chefe do grupo, o jornal Clarín, vende em média 400 mil exemplares em dias úteis e quase 800 mil aos domingos. O periódico está muito acima de seu principal concorrente, o jornal La Nación, que tira uma média de 160 mil exemplares em dias úteis e 255 mil aos domingos, de acordo com dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC) da Argentina.


 


Através da empresa de TV a cabo Multicanal, tem presença também no Uruguai e no Paraguai. No início de junho, o grupo se associou com o mexicano Multimedios para lançar uma nova empresa editora de livros, a Ríos de Tinta.


 


Fundado em 1945 pelo jornalista e advogado Roberto Noble, o Clarín passou por várias reestruturações ao longo desse tempo, tanto do ponto de vista administrativo, financeiro e corporativo quanto no layout do jornal, cujo projeto gráfico foi alterado pela última vez há cerca de um mês.


 


O comando do Clarín está desde 1969 com a viúva de Noble, Ernestina Herrera de Noble, de 82 anos. O grupo é administrado pelo sócio e principal executivo Héctor Magneto. Ernestina e Héctor, junto com outros dois sócios (José Aranda e Lucio Pagliaro), são donos de 82% do capital da holding.