Metalúrgicos de Caxias deflagram greve

Diante do impasse na mesa de negociações os metalúrgicos de Caxias do Sul decidiram ir a greve a partir desta segunda-feira (30). A decisão deu-se em meio a muitas mobilizações e reuniões com os patrões, que se mantém irredutíveis no índice considerado

O Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos já está a quase três meses tentando negociar o dissídio da categoria com a patronal, mas o acordo não está sendo viabilizado, na opinião dos trabalhadores, por causa da ganância dos patrões. “O que eles querem é aumentar cada vez mais a super-exploração da mão-de-obra e dizer não a qualquer possibilidade de avanços em direitos para a categoria. Por isso é que não outra alternativa; vamos à greve para exigir os nossos direitos e a valorização do nosso trabalho”, disse o presidente do sindicato, Assis Melo. Ele acrescentou que, para dificultar ainda mais as negociações com os trabalhadores, os patrões decidiram lançar mão de medidas judiciais para impedir as mobilizações dos trabalhadores. “Quer dizer então que agora não podemos nem mesmo lutar pelo nosso salário?”, questiona Melo. 


 



Durante esta segunda-feira aconteceram mais de dez mobilizações simultâneas dos metalúrgicos. Pela manhã as fábricas de Caxias silenciaram e os trabalhadores demonstraram estar sensibilizados para os apelos do sindicato – mesmo nas empresas em que havia medida judicial para manter portões abertos, os trabalhadores aderiram em massa à paralisação. O movimento se ampliou após a notícia de que a reunião com a patronal que ocorrera no final da manhã não teve avanços. 


 



Algumas fábricas, como a Randon, a Fras-le, a Mundial, a Metalcorte e as duas unidades da Marcopolo estão se valendo de medidas judiciais que tentam impedir o direito constitucional de livre manifestação dos trabalhadores. Todas entraram com Interdito Proibitório, assinado pela justiça do Trabalho caxiense. Apesar disso, a maioria dos trabalhadores esta aderindo às paralisações.


 



O ambiente que leva a deflagração da greve é de acirramento. Foram quase 15 reuniões de negociação, ocorridas até o momento – porém quase nada avançou. Tendo este cenário de intransigência da patronal, ao sindicato não restou outra alternativa: declarou greve até que o acordo seja possível. “Agora é um momento importante para a categoria, vamos fazer o possível e o impossível para alcançar um dissídio justo. A partir de hoje é greve sim, não vamos parar as mobilizações enquanto os patrões não valorizarem o nosso trabalho”,  explicou Melo.


 


O sindicato reivindica 12% de reajuste e ampliação de direitos, como a redução da jornada sem redução de salários; piso salarial de R$ 1 mil e auxilio-creche.


 


De Caxias do Sul
Tyele Antonacci e Clomar Porto