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Miss Globo x Novaes: a vingança da égua de Roberto Marinho

O jornalista-escritor Carlos Eduardo Novaes – a quem conheço com bastante intimidade, desde a época do glorioso Jornal do Brasil – passou recentemente a seus conhecidos um e-mail furibundo porque Joaquim Ferreira dos Santos, colunista de O

Carlos Eduardo Novaes, sujeito inteligente e perspicaz, foi introduzido no JB por seu amigo José “Moderno” Inácio Werneck – meu dileto companheiro aqui no Direto da Redação – e fez logo sucesso na editoria de esportes do jornal da condessa Pereira Carneiro.


 


Na ocasião, década de 60, formamos uma patota engraçada, amiga e divertida que percorria nas noites de sexta-feira as mais famosas boates do Rio em busca de supostas e duvidosas aventuras amorosas. Dessa patota faziam parte, também, o saudoso Paulo Roberto Perdigão e o tímido Luís Lara Resende – irmão do genial Otto.


 


Confesso que sofremos muitos mais fracassos do que obtivemos vitórias. Da editoria de esportes, por seu talento indiscutível, Novaes foi promovido ao Caderno B do Jornal do Brasil, numa época em que o B ditava a moda no Rio. Foi nesse período, talvez década de 80, que Novaes ousou criticar o Jornal Nacional, da Rede Globo, também chefiada pelo nosso companheiro, editor-chefe Roberto Marinho (1904-2003).


 


Roberto Marinho, adepto fervoroso do hipismo, era na época proprietário de uma égua que levou o nome de Miss Globo. Miss Globo era tão craque nos saltos de obstáculos que venceu todas as provas no Rio e acabou sendo enviada para mais glórias no exterior. Nada mais do que natural.


 


Foi então que, certamente por recomendação superior, o Jornal Nacional, de grande credibilidade no Brasil, decidiu encerrar sua edição com uma das exibições de Miss Globo no exterior. Foram ao todo quase os cinco minutos finais dos saltos de Miss Globo na competição, narrados com a categoria de sempre por Sérgio Chapelin (formado na Rádio Jornal do Brasil).


 


Resultado: Miss Globo, depois de derrubar alguns obstáculos, terminou num modesto oitavo lugar que Chapelin, sem graça, não pôde esconder. Para o telespectador, ficou obviamente, uma coisa sem sentido.


 


Carlos Eduardo Novaes, com seu espírito crítico e sua maneira irônica de escrever, dedicou a primeira página do Caderno B sobre a maneira estrambótica como o Jornal Nacional encerrou sua edição, com o rotundo desastre que foi a exibição de Miss Globo. Pronto. A partir daí, o talentoso Carlos Eduardo Novaes passou a fazer parte da famosa black list de O Globo.


 


Não pretendo defender Joaquim Ferreira dos Santos, a quem conheço superficialmente, quando trabalhamos em O Dia. Mas estou absolutamente convencido de que se Joaquim – que mantém uma coluna denominada Gente Boa, no Segundo Caderno de O Globo – estaria em péssimos lençóis se incluísse Novaes no livro. E Joaquim, convenhamos, não é bobo.


 


Carlos Eduardo Novaes, hoje dirigente da Faculdade Estácio de Sá, parece que não acreditou na minha explicação. Mas Miss Globo, no Caderno B, o tirou da lista das 100 Melhores Crônicas.


 


Coisas da vida…