Privatização dos trens gerou aumento de 234% nas passagens

Desde a privatização dos trens no Rio de Janeiro, em 1998, o preço das passagens subiram 234% até hoje, quando o acumulado da inflação foi de 95,1%. Nesse período, estações e trens tiveram melhoras, porém com fartos recursos estatais. Há indícios de au

De todas as concessões feitas pelo Estado do Rio de Janeiro, a partir de 1997, a de transporte ferroviário ganha disparado quando o assunto é o reajuste acumulado. A tarifa dos trens passou de R$ 0,60 (em novembro de 98) para os R$ 2,00 atuais, o que dá um aumento de 234%, embora o IGP-M acumulado no período seja de 95,1%. Um novo aumento já está previsto para agosto ou setembro, quando a passagem deve passar para R$ 2,20.



O Programa Estadual de Desestatização do Estado do Rio de Janeiro, o PED, foi instituído pela Alerj em 28 de novembro de 1995. Em 30 de novembro de 1997, o então governador Marcello Alencar (PSDB) sancionou a lei estadual, que dispõe sobre o regime de concessão de serviços públicos. Foi então que, em 15 de julho de 1998, aconteceu o leilão de concessão do transporte público ferroviário, que era operado pela Flumitrens. O consórcio Bolsa 2000 apresentou a melhor oferta e assumiu os serviços, com o nome de Supervia. A concessão é de 25 anos, podendo ser renovada por mais 25.



Desde a privatização, os serviços melhoraram, principalmente com a reforma das estações e a aquisição de novos trens, além da regularidade e da pontualidade. O motivo pela melhora se deve aos investimentos que foram feitos pelo Governo Federal e pelo Governo Estadual. O governo federal e o Banco Mundial (BIRD) investiram US$ 272 milhões. A parte da concessionária deveria ser de R$ 243 milhões, porém não há informação do quanto foi executado.



Entretanto, muitos problemas ainda perduram, como a superlotação nos horários de maior movimentação, principalmente nos trens para a Baixada Fluminense e Santa Cruz. Além disso, nesse período de concessão houve mais de 400 descarrilamentos, com sete colisões que envolveram mortos e feridos.


A Supervia também viu sua receita aumentar com a exploração de painéis nas estações e com a colocação de adesivos publicitários no lado de fora dos trens. Segundo o contrato, esses recursos deveriam ser aplicados no barateamento das tarifas, o que também não ocorreu. Todas essas denúncias já foram encaminhadas ao Ministério Público, mas até agora nenhuma medida foi tomada.