Bancários protestam contra leilão de ações na Bovespa   

Aos gritos de “Yeda mentirosa, falsa e perigosa”, mais de 200 bancários protestaram na manhã desta terça-feira, dia 31, em frente à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), contra o leilão de venda de cerca de 40% das ações do Banrisul, abrindo caminho pa

Participaram dirigentes sindicais de vários estados, que participam na capital paulista dos congressos e encontros por bancos, após a 9ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro. No encerramento do ato, os gaúchos cantaram o hino rio-grandense que, assim como o Banrisul, é outro símbolo do Rio Grande do Sul.


 



A força da manifestação assustou a governadora Yeda Crusius (PSDB), que entrou às escondidas pela porta dos fundos. A comitiva do governo, muito vaiada pelos bancários, foi integrada pelo presidente do Banrisul, Fernando Lemos, e pelos secretários da Fazenda, Aod Cunha, da Casa Civil, deputado estadual Luiz Fernando Zacchia (PMDB), e de Desenvolvimento e Relações Internacionais, deputado federal Nelson Proença (PPS).


 


 


Os bancários distribuíram carta aberta à população e abriram faixas com os dizeres “Em defesa do Banrisul público”, “Governadora Yeda: tire as garras do Banrisul” e “Não à venda de ações e à privatização”.  Também fizeram pronunciamentos diretores da Contraf-CUT e de vários sindicatos e federações e da CUT e o deputado estadual Cido Sério (PT-S). O ato foi coordenado pelo presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino.


 


 


“O Rio Grande não pode perder o seu principal agente financeiro. O Banrisul é fundamental como indutor do desenvolvimento regional e da inclusão social, sendo instrumento para levar crédito a quem precisa e atuando como gerador de emprego e renda”, disse Marcolino.


 


 


Manifestaram-se vários dirigentes do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (SindBancários) e da Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul. “A governadora traiu o povo gaúcho, pois havia prometido na campanha um novo jeito de governar, mas hoje pratica um novo jeito de privatizar, no velho estilo dos tucanos”, destacou o diretor do SindBancários, Ademir Wiederkehr.


 


 


“A mobilização dos gaúchos é intensa na resistência aos ataques privatistas de Yeda e já construímos 40 comitês regionais em câmaras municipais no interior do Estado, em defesa do Banrisul público, obtendo enorme apelo na sociedade gaúcha”, ressaltou a diretora da Federação dos Bancários, Denise Falkenberg Correa.


 


 


O leilão das ações do Banrisul não foi aprovado pela sociedade e atropela a Assembléia Legislativa, que se encontra em recesso parlamentar. Os projetos encaminhados pela governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), sobre a destinação dos recursos a serem arrecadados ainda não foram discutidos e votados pelo parlamento gaúcho. Também não foram apreciados os projetos apoiados pelos Comitês em Defesa do Banrisul e pela Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul. 


 


 


Ao longo do ato público, também usaram a palavra representantes dos funcionários da Nossa Caixa, Banestes, Besc e Banpará, que alertaram a população para a necessidade de defesa e fortalecimento dos bancos estaduais e demais instituições públicas. “Esses bancos atendem milhões de brasileiros, muitos abandonados pelos banqueiros privados, que só visam o lucro fácil”, ressaltou o diretor da Contraf-CUT, Paulo Stekel.


 


 


Ainda houve pronunciamentos que lembram os prejuízos causados pelas privatizações. O deputado Cido Sério recordou o desmonte do Banespa, vendido pelos governos tucanos de Mário Covas e FHC. “A venda do maior banco estadual do país prejudicou não somente os bancários, que perderam empregos e renda, mas os agricultores e pequenos empreendedores”, destacou. Também foi registrada a entrega de outros bancos públicos, como Banestado, Banerj, Bemge, Credireal, Bandepe, Baneb e Meridional, todos abocanhados pelos banqueiros no governo FHC.


 



 
O leilão de ações não acaba com o movimento dos bancários. “Vamos reforçar a resistência, pois para a venda do controle acionário do Banrisul será preciso a realização de um plebiscito, conforme estabelece a Constituição do Estado, graças a luta dos banrisulenses e da sociedade”, enfatizou o diretor da Federação dos Bancários, Carlos Augusto Rocha. 


 


 
O diretor do SindBancários, Antonio Carlos Pirotti, salientou que “é fundamental a unidade nacional da categoria em todo o país para derrotar mais uma vez o projeto privatista dos neoliberais de plantão, que no Estado se apresenta hoje com Yeda Crusius”.


 


 


O diretor do SindBancários e da Federação dos Bancários, Amaro Souza, concluiu  a atividade resgatando o herói missioneiro Sepé Tiarajú, que morreu lutando e afirmando “esta terra tem dono e é dos gaúchos”. Conforme o dirigente sindical, “a exemplo do nosso guerreiro, nós hoje dizemos: este banco público tem dono e é dos gaúchos e das gaúchas”.


 



 
Paralisações de advertência



 
As quatro agências do Banrisul em São Paulo (Líbero Badaró, Lapa, Paulista e Jardim América) retardaram em uma hora nesta terça-feira o expediente ao público. Os bancários paralisaram até as 11h, em protesto contra o leilão de ações na Bovespa.



 
Fonte: Contraf-CUT