Messias Pontes: Presidente, não se deixe pautar pela mídia
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem incomodado tremendamente a elite apodrecida brasileira, notadamente a paulista; a oposição de direita e a mídia conservadora, venal e golpista. A elite não pode aceitar que um “pé-rapado” nordestino e
Publicado 01/08/2007 10:00 | Editado 04/03/2020 16:37
Um dos grandes erros do presidente Lula é se deixar pautar pela mídia, até porque melhor que ninguém ele sabe que essa mídia não lhe dará trégua, posto que a serviço do que há de mais atrasado neste País e do imperialismo norte-americano. Porém o principal motivo para não se deixar pautar pela mídia é o irrestrito apoio da maioria dos brasileiros que já percebeu de que lado estão os mercadores da (des)informação, e sabe que estes perderam a credibilidade.
A tentativa de manipulação da opinião pública, responsabilizando o presidente Lula por tudo de ruim que acontece no País, é um crime que não pode ficar impune. E ainda falam em liberdade de expressão e de imprensa, como se essa liberdade não fosse limitada pela ética. A conduta dessa gente – as famiglias Marinho, Frias, Mesquita, Civita e poucas outras detentoras de mais de 90% dos meios de comunicação – chega a ser irracional e patológica. Se nada mais fizer até o final do seu governo, mas contribuir firmemente para a democratização dos meios de comunicação, o Presidente já terá feito muito pela democracia e pelo Brasil.
Essa gente, que não merece o menor respeito, chegou nas duas últimas semanas ao extremo da prepotência, da arrogância, do cretinismo e da irracionalidade. Utilizar a dor dos que perderam 199 entes queridos no desastre com o avião da TAM, usando seus familiares como massa de manobra para tentar um golpe de Estado contra um presidente democraticamente eleito pela esmagadora maioria dos brasileiros é um crime que merece o repúdio de toda pessoa de bem.
Esses cretinos sabem que o acidente com o avião da Gol há dez meses, que vitimou 154 pessoas, e o da TAM, no último dia 17, são fatos diferentes e que não guardam nenhuma ligação entre si, muito menos com o governo do presidente Lula. Sabem perfeitamente que o Boeing da Gol foi derrubado por um Legacy que voava na mesma rota, e que o desastre só ocorreu porque o transponder deste último estava desligado, portanto culpa dos seus pilotos.
Sabem também que a tragédia com o Airbus da TAM nada tem a ver com a pista do Aeroporto de Congonhas, até porque no mesmo dia e nas mesmas condições duas aeronaves idênticas haviam pousado ali com sucesso. O relatório parcial da perícia feita pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) na pista principal do Aeroporto de Gongonhas, a pedido da Infraero, após o acidente, diz que o asfalto no local tem condições de atrito acima do padrão internacional de qualidade, mesmo sem o sistema de escoamento de água.
Com a abertura da caixa preta, os primeiros indícios indicam que o desastre com o avião da TAM ocorreu fundamentalmente por problemas mecânicos, já que o acelerador automático da aeronave injetou involuntariamente potência nas turbinas do jato ao invés de reduzir sua velocidade, percorrendo toda a pista em apenas três segundos quando o normal é parar após 13 segundos. Caso semelhante aconteceu nas Filipinas, em 1988, e agora a própria fabricante do Airbus admite que o piloto não usou corretamente os manetes. Mas os golpistas vão continuar escondendo a verdade e responsabilizando o presidente Lula.
A canalha neo-udenista ficou ouriçada com a declaração do ministro civil do Superior Tribunal Militar, Olympio Pereira da Silva Júnior, pregando e conclamando os militares para mais uma aventura como a de 1º de abril de 1964. Mas esquece que os tempos são outros. Na “passeata” do último domingo, que esperava milhares de pessoas, se frustrou por ver apenas 800. Um capitão de Infantaria do Exército enviou carta pública repudiando as declarações do ministro Olympio Pereira da Silva Júnior e declarando que as Forças Armadas foram enganadas em 1964 e não se prestarão a um novo golpe contra a democracia, acima de tudo contra a vontade popular que reelegeu o presidente Lula.
Esses traidores estão gastando fortunas com a chamada campanha “Cansei”. São empresários da FIESP, banqueiros, políticos do PSDB e do DEMO, jornalistas amestrados e apátridas e as viúvas da ditadura militar e do Coisa Ruim que desmontou o Estado em oito anos de desgoverno (1995 a 2002). O mais entusiasmado é o poodle das dondocas paulistanas e da deletéria burguesia paulista, jornalista e empresário João Dória.
Essa gente deveria dizer que cansou de sonegar impostos, de explorar os seus funcionários, de mentir e enganar, de trair a Pátria, de ser servil ao imperialismo norte-americano, de desrespeitar o povo, de ver um ex-metalúrgico defendendo a soberania nacional, de ver pobre viajando de avião, de ver o Ministério Público independente, de ver a Polícia Federal – hoje uma instituição republicana – prender políticos, magistrados, empresários sonegadores e quadrilheiros e bandido de colarinho branco (357 operações que resultaram em 6.200 prisões, todas autorizadas pela Justiça), de ver um presidente sem curso superior investir mais que os seus antecessores nas universidades federais, de ver um presidente teimar em não privatizar nada do que restou do patrimônio público, de não entregar a Base de Alcântara aos Estados Unidos, de repudiar a ALCA que o presidente-terrorista George W. Bush queria impor, enfim, um presidente que quer um Brasil para os brasileiros, em especial os mais pobres.
É o povo que vai dizer que cansou dos inimigos da democracia e dos traidores da Pátria, e que vai ocupar as ruas para defender o governo democrático do presidente Lula e a soberania nacional, começando com a participação no plebiscito marcado para a Semana da Pátria, exigindo a anulação do leilão da Companhia Vale do Rio Doce que o Coisa Ruim “vendeu” a preço de banana e ainda mais com dinheiro do BNDES. O povo vai dizer que chegou a sua vez, pois cansou dos 502 anos de exploração. E vai pedir ao presidente Lula que deixe de se pautar pela mídia conservadora, venal e golpista.
Messias Pontes é jornalista