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Jobim cobra mais transparência das empresas aéreas

O ministro Nelson Jobim, que se reuniu nesta segunda-feira (13) pela manhã com representantes do Snea, sindicato que reúne as grandes companhias aéreas, cobrou ''transparência'' na relação das empresas com o governo Federal. Ele informou entender que as c

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, pediu nesta segunda-feira (13) a representantes do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas) que as companhias tenham uma relação de transparência com o governo. O pedido foi feito durante uma reunião do ministro e assessores com representantes do sindicato, na sede do Ministério.


 


Para subsidiar Jobim de informações técnicas sobre o setor, o sindicato prometeu enviar um estudo da entidade sobre os aeroportos e um outro estudo da UnB (Universidade de Brasília) sobre a relação entre a aviação civil e o PIB (Produto Interno Bruto).


 


Menos assentos


 


O ministro também cobrou mais espaço entre os assentos dos aviões. O ministro tem mais de 1,90m e reclamou na semana passada, em depoimento à CPI dos Aeroportos, do desconforto de viajar.



Jobim chamou a atual distância entre os assentos de ''antivital''. O espaço disponível nos aviões foi reduzido nos últimos anos ao mesmo tempo em que caíram os preços das passagens aéreas, devido à concorrência no setor. Empresas que popularizaram o uso do avião colocaram mais assentos para aumentar o retorno por vôo e reduziram também os lanchinhos.



Toma lá, dá cá



As companhias aéreas, por seu turno, fizeram várias reivindicações ao ministro.  Elas querem mudanças nos limites dos vôos diretos que partem ou chegam de Congonhas – Jobim quer que o limite seja estipulado por hora de vôo e, no caso de Congonhas, só sairiam da zona sul da capital vôos de até duas horas. As empresas aéreas defendem que o controle seja feito por distância e propõem um limite de até 1,5 mil km.



O Snea disse que o pedido já havia sido feito no dia 3, em reunião com representantes da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), no Rio. A decisão sobre a revisão da regra deve sair até o dia 17, quando as companhias aéreas apresentam o novo desenho da malha aérea conforme as novas regras do Conselho de Aviação Civil (Conac). A informação é do secretário-geral do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), José Anchieta Helcias, que participou da reunião com Jobim.



A reunião não teve a presença de um representante da Anac. O governo trava uma queda-de-braço com a Anac, cujos diretores não podem ser demitidos, insatisfeito com a atuação do órgão ao longo da crise do setor. Jobim adiou encontro com os diretores do órgão por ''falta de espaço'' em sua agenda.



Ainda hoje, Jobim se reúne com representantes da Abtar (Associação Brasileira de Transportes Aéreo Regional) e, em seguida, deve conceder uma entrevista coletiva para fazer um balanço do dia.


 


A questão é o lucro


 


A jornalista Helena Chagas fez o seguinte comentário sobre a conversa de jobim com as companhias áereas: “Aumentar a distância entre as poltronas nos aviões não é e nem foi a principal questão da conversa do ministro da Defesa, Nelson Jobim, com os representantes do sindicato das empresas aéreas. A questão de fundo, nua e crua, é a seguinte: as companhias aéreas resistem às normas baixadas pelo Conac para desafogar o movimento do aeroporto de Congonhas porque terão seus lucros reduzidos. E ponto. Essa conversa toda de substituir o critério de duas horas de vôo para os vôos diretos para o aeroporto, por um critério que leve em conta a quilometragem, é tudo lero para boi dormir. A verdade verdadeira é que elas resistem a mudanças que as obrigarão a ter custos maiores e ganhos menores.

Ou seja, depois de muitos rodeios para lá, muita cerimônia para cá – até porque vivíamos os dias seguintes a uma tragédia – o pessoal está botando as manguinhas de fora e tentando fazer o governo recuar em algumas de suas determinações. Jobim não deu nenhuma indicação que o fará, mas também não pegou pesado e nem abriu confronto com as companhias, que já chamou de “duopólio”. Sabe que será uma queda-de-braço e tanto, mas tem perfeita noção de que, por enquanto, a pressão da opinião pública ainda é inteiramente a favor das medidas do governo. E que tem que aproveitar esse crédito para mudar tudo o que tem que mudar agora. “



Com agências