Peru: Brasil envia 2 aviões com ajuda a vítimas
Dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) partiram sexta-feira (17) para Lima, carregados com alimentos perecíveis destinados às vítimas do terremoto que abalou o país vizinho na quarta-feira.
Publicado 18/08/2007 15:10
Na próxima segunda-feira, partirá de Vitória (ES) outro avião com o mesmo destino e com uma carga que completará as 46 toneladas de alimentos que fazem parte do pacote de ajuda humanitária prometida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a seu colega peruano, Alan García.
O Ministério das Relações Exteriores, que coordena o Grupo de Ajuda Humanitária Internacional, informou que está previsto para a próxima semana o envio de medicamentos, vacinas, purificadores de água e equipamentos hospitalares, além das doações centralizadas pela Cruz Vermelha.
Novos tremores amedrontam
O forte tremor secundário que atingiu a capital do Peru na manhã da sexta-feira (17) reforçou o clima de medo e dificultou ainda mais a volta à normalidade na capital do país, dois dias depois do terremoto que deixou pelo menos 510 mortos.
Apesar de o presidente Alan García ter afirmado que espera que tudo se normalize no país em dez dias, a Defesa Civil já avisou que o Peru deve voltar a ser sacudido por tremores durante as próximas semanas.
Na sexta-feira, as crianças de Lima voltaram para às aulas, suspensas por causa do terremoto de quarta-feira, mas muitos pais se arrependeram de se separar de seus filhos.
“Eu não deveria ter mandado minha filha para a escola porque o tremor forte foi durante a manhã, hora em que ela está estudando. Estou arrependida”, conta a brasileira Silvia Araújo, de 38 anos, que mora no Peru há seis anos. “Já liguei para a escola e está tudo bem.”
Medo de dormir
À noite, a filha de Silvia, Elora Araújo, de nove anos, não quis se deitar. “Ela dorme normalmente às 20h30. Eram 22h30 e ela não podia dormir. Estava com medo, assustada. Ela me perguntava se o edifício poderia desabar”, diz a mãe.
A brasileira afirma que, deitada, a filha ficava achando que a cama estava se mexendo.
A jornalista peruana Erika Nakamoto também se assustou com o tremor da manhã. Ela diz que sabia que haveria tremores secundários, normais depois de um terremoto, mas não imaginou que seriam tão fortes. “Eu levei meu pai para a área de segurança da casa e ficamos esperando passar”, revela.
O peruano César Mauricio Ramírez estava tomando café da manhã e foi diretamente ao quarto de seu filho para protegê-lo.
“Foi muito rápido desta vez. Durou menos de 20 segundos. Eu decidi não mandá-lo para o colégio. Estou com medo de que haja mais um terremoto”, afirma.
Ajuda
Em Pisco, onde instalou o governo de forma provisional para ver de perto os trabalhos de resgate, o presidente Alan García afirmou que ninguém vai morrer de sede ou fome no Peru.
García prometeu abastecer de água e alimentos os mais de 80 mil desabrigados que o terremoto deixou.
O presidente também pediu calma aos peruanos, depois que muitos entraram em desespero e começaram a saquear mercados e caminhões com comida.
Até agora, mais de 80 toneladas de alimentos e remédios foram distribuídas na região sul do país.
O abastecimento de água continua cortado e não há energia elétrica. As filas para receber água são grandes, e a população está cansada porque a maioria está dormindo na rua.
No sul do Peru, a região mais atingida pelo terremoto de quarta-feira, o clima ainda é de dor e de luto. Os hospitais estão lotados e há filas para o atendimento médico.
Os hospitais em Lima também enfrentam superlotação. Cerca de 400 feridos foram levados de Ica, Chincha e Pisco para a capital peruana.
A Defesa Civil está recebendo roupas, cobertores, água, alimentos não-perecíveis, remédios e caixões.
Aviões e helicópteros da Força Aérea Peruana viajaram durante todo o dia até a região sul do país para levar os donativos.
Os moradores de Lima reagiram com bastante rapidez e solidariedade: centenas de pessoas estão doando sangue, e em muitos supermercados quase não há estoque de comida enlatada e garrafas de água.
Feridos levados para Lima
Pelo menos 100 pessoas feridas no terremoto, muitas delas em estado grave, foram levadas
da cidade de Pisco, no sul do país, para receberem atendimento de urgência em Lima.
Os feridos chegaram em aviões da Força Aérea Peruana (FAP) com ferimentos e contusões. Eles não podem ser atendidos nos hospitais de Pisco, cuja capacidade foi superada após o terremoto de 8 graus que assolou a costa peruana.
As vítimas foram levadas a hospitais públicos e privados de Lima em mais de 70 ambulâncias. Eles apresentavam traumatismos cranianos, politraumatismos, fraturas e ferimentos de diversos níveis.
A ponte aérea estabelecida pela Força Aérea realizou mais de 10 vôos que partiram de Lima levando ajuda de emergência. Os aviões retornaram com feridos e mais de 100 desabrigados, entre eles parentes dos feridos.
A cidade de Pisco, onde o tremor matou centenas de pessoas, se mantinha hoje em alerta máximo. As equipes de resgate dos bombeiros e os militares trabalham na tentativa de resgatar os corpos das vítimas e procuram sobreviventes.
Um homem de cerca de 60 anos morreu no distrito de Punta del Callao. Ele sofreu uma parada cardíaca durante o tremor. Além disso, o corte da energia elétrica provocou a morte de um recém-nascido que permanecia numa incubadora. Uma mulher que respirava com a ajuda de aparelhos também sofreu um choque e não resistiu.
A companhia aérea Aerocóndor pôs seis aviões à disposição das autoridades. Uma brigada especializada dos bombeiros partiu com equipamentos especiais num avião da LanPerú.
O Governo da Bolívia ofereceu ajuda. Nesta sexta-feira deve chegar a Pisco um avião da Força Aérea Chilena (FACH) com 15 toneladas de ajuda, disse à Efe a chefe de imprensa da embaixada chilena em Lima, María Eugenia González.
O terremoto no Peru deixou, até o momento, de 400 a 500 mortos, assim como cerca de 1.500 feridos, segundo o Governo peruano, o Instituto Nacional de Defesa Civil e organizações internacionais como a ONU.