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Integração da Ásia Central produz inquietação no Ocidente

“A coesão interna demonstrada em seis anos de existência e o interesse de outros países influentes de participarem como sócios da Organização de Cooperação de Xangai (OCS, na sigla em inglês) geram atualmente interpretações de todo modo”. Por Odalys Busca

“Mais ainda, se fala muito de alianças entre gigantes em alusão a Rússia e China, além da Índia, considerada entre as potências emergentes desde o ponto de vista político e econômico.



Como há dois anos, outra vez a OCS chama a atenção, sobretudo no Ocidente, que vê o fóro de cooperação euroasiático como um futuro bloco de caráter militar.



O chefe da representação russa do Centro Internacional de Informação para a Defesa, Ivan Safranchuk, disse por sua vez que o fóro de Xangai se converteu em um “organismo de contenção” para o avanço dos Estados Unidos e do Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan) rumo ao oriente.



Moscou e Pequim exortaram, nesse sentido, Uzbequistão e Quirguistão, durante a cúpula de julho de 2005 a uma revisão de suas “relações com Washington”, a fim de contrabalançar a presença militar norte-americana na Ásia Central.



Há cerca de três meses a Rússia acertou uma aliança com o Casaquistão e o Turcomenistão para a construção do gasoduto do Cáspio, em cujas imediações Washington projeta também explorar, com Estados limítrofes, as ricas reservas energéticas da região.



Os laços estreitos de Moscou com importantes fornecedores da região, aos quais se soma o Uzbequistão (em gás e petróleo) provocam inquietação nos EUA, pelo futuro do projeto do duto Transcáspio, que pretende romper a dependência energética da Rússia.



As preocupações da Casa Branca em relação ao futuro esgotamento dessas fontes de energia nos próximos 25 anos encaixam em seus planos para a Ásia Central, segundo deliberou o Conselho Nacional do Petróleo, reunido em julho passado.



Portanto, um fortalecimento e ampliação da OCS, com o ingresso de nações como o Irã, converte o fóro em um forte rival para a Otan, de acordo com análises publicadas na mídia ocidental.



O presidente russo, Vladimir Pútin, considerou que é improcedente colocar em um mesmo plano a OCS e o Pacto Militar do Atlântico Norte.



“Uma comparação com a Otan não corresponde à realidade nem é adequada em seu conteúdo e forma”, sublinhou Pútin em declarações recentes durante a oitava cúpula do fóro na capital quirguis, Bichkek.



O presidente russo disse que o componente militar para a OCS não é dominante, “não constitui uma organização fechada nem sequer um bloco, mas que tem elementos orientados a enfrentar a ameaça do terrorismo internacional”, destacou.



De um formato inicial sino-russo, a organização ampliou suas fronteiras para abarcar temas de caráter político e econômico, como o desenvolvimento da infra-estrutura dos países membros e problemas financeiros, com um foco inteiramente integracionista.



Pútin considerou, por outra parte, que é inquestionável o peso de influência do fóro nas mudanças que o mundo experimenta, após a chegada do século 21, quando afloram novos centros de poder econômico e político.



“Os interesses da OCS e da Otan não têm motivo para colidir, a menos que a aliança se intrometa em assuntos internos da Ásia Central”, observou o especialista russo Safranchuk. “Se o bloco ocidental não se intrometer na região, então Otan e OCS não se enfrentarão”, advertiu.



O fóro de Xangai é uma organização universal, na qual são potencializados, a um mesmo nível, os aspectos políticos, econômicos, humanitários e militares vinculados entre os estados regionais.



A nova onda de suspeitas do Ocidente coincide também com as recentes manobras militares em grande escala Missão de Paz – 2007, realizadas pela OCS, primeiro na China e depois na região de Tcheliabinsk, nas montanhas Urais, na Rússia.



Na última manobra participaram os presidentes Vladimir Pútin e Hu Jintao, assim como os chefes de Estado do Casaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Tadjiquistão.



Foram convidados também chefes militares dos estados observadores, como Índia, Irã, Mongólia e Paquistão.



Pela primeira vez em seis anos participaram todos os exércitos dos países membros e foi negada a presença de observadores militares dos Estados Unidos.”