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Eros Grau critica paparazzo do Globo: ''Nunca vi isso antes''

A matéria de capa do jornal O Globo desta quinta-feira, Ministros do STF combinam e antecipam voto por e-mail, gerou protestos de ministros e o Supremo chegou a cogitar a proibição de fotógrafos nas sessões de julgamento do ''Mensalão''.

O ministro Ayres Britto também considerou ''uma demasia'' a bisbilhotice do Globo. ''Eu ainda não li. Algumas pessoas telefonaram me dando conta do conteúdo da reportagem, porém achei uma demasia. De acordo com Ayres Britto, jornais bisbilhotam, ''invadem a privacidade da gente, mas isso não me afeta em nada''.



Num ''furo'' de sentido ético duvidoso, O Globo confessa que ''a conversa (…) foi captada pelas lentes dos fotógrafos que acompanhavam o julgamento''. Na quarta-feira (22), o fotógrafo Roberto Stuckert Filho registrou imagens. Ampliadas, as fotos do paparazzo permitiram a leitura das telas dos computadores dos ministros Carmen Lúcia e Ricardo Lewandowski, que trocavam idéias pela intranet do Supremo durante o julgamento.



Fotógrafos agora estão confinados



Em um primeiro momento, a Secretaria de Comunicação Social do STF chegou a divulgar no site do Supremo a proibição da entrada de fotógrafos nas sessões desta quinta e sexta-feira. Pouco antes do início do segundo dia de julgamento, a proibição foi retirada. Mas os fotógrafos ficaram confinados num espaço cercado, na tentativa de evitar novas intromissões.



O noticiário do site www.stf.gov.br, que acompanha passo a passo o julgamento, não tratou do episódio. Lewandowski não entrou na intranet na sessão de hoje. O ministro relator, Joaquim Barbosa, deixou a tela do computador abaixada para se proteger da indiscrição dos fotógrafos.



A grande imprensa já julgou



O Globo afirma que Lewandowski e Carmen Lúcia trocaram mensagens ''durante horas'', ao longo do julgamento. A reportagem transcreve trechos dos e-mails, que conteriam opiniões sobre seus votos e comentários sobre a repercussão do julgamento na sucessão do ministro Sepúlveda Pertence, que se aposentou na semana passada.



Em entrevista à Agência Brasil, Ayres Britto  disse que trocar mensagens eletrônicas durante a sessão faz ''parte de uma rotina dos ministros''. Esclareceu que ''trocamos impressões'' mas ''não adiantamos voto nenhum''. ''Às vezes, a sessão é muito demorada, muito tensa e nós trocamos algumas impressões, mas ninguém adianta voto para ninguém. Quando um juiz decide, ele decide solitariamente, sentadinho no tribunal da sua própria consciência'', afirmou.



Tanto O Globo como toda a grande imprensa abrem espaço para uma minuciosa cobertura do julgamento dos 40 indiciados no processo do ''Mensalão'' – termo cunhado por um dos réus, o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Os editoriais já fizeram seu julgamento: os 40 são culpados, sem apelação. A matéria do jornal das Organizações Globo dá mais um passo nesse sistema de pressão e põe à prova a independência do Supremo.



Da redação, com agências