Manifestantes ocupam reitoria da UECE
No segundo dia da Jornada Nacional em Defesa da Educação Pública, estudantes e outros manifestantes interromperam o fluxo de veículos da avenida Dedé Brasil, fizeram passeata pelo Campus do Itaperi e ocuparam a Reitoria da Uece.
Publicado 23/08/2007 09:03 | Editado 04/03/2020 16:37
Após interromperem o fluxo de veículos da avenida Dedé Brasil e fazerem passeata por dentro do Campus do Itaperi, na manhã de ontem, manifestantes da Jornada Nacional em Defesa da Educação Pública ocuparam a Reitoria da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Estudantes e representantes de vários movimentos sociais carregavam faixas, vestiam camisas e discursavam em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade. Na pauta de reivindicações, a criação de um plano de assistência estudantil, melhores condições de ensino, democracia interna e a não cobrança de taxas na universidade pública.
A Jornada está ocorrendo em vários estados do País e adota como slogan “Nós queremos estudar”. As atividades prosseguem até amanhã. O vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Estado do Ceará, Rudiney Sousa, afirma que, durante toda a semana, serão realizadas atividades pelas universidades e hoje haverá ato na Assembléia Legislativa com os servidores públicos estaduais. O estudante de Letras Ailton Lopes, que representa o movimento estudantil, critica a cobrança de taxas por cursos de especialização e extensão, além dos problemas de infra-estrutura da Universidade, incluindo a falta de materiais no Restaurante Universitário e de um ginásio poliesportivo para alunos de Educação Física, por exemplo.
Conforme o vice-presidente do Sindicato dos Docentes da Uece (Sinduece), Guilherme Cavalcante, a comunidade acadêmica está unida na denúncia de um modelo de ensino superior anacrônico, que não atende às reais demandas do povo cearense. “A universidade é um escoadouro das demandas populares do estado e os movimentos sociais populares vêm demonstrar essa insatisfação com esse modelo”, enfatiza.
Além da democratização da universidade, Guilherme cita ainda como prioridade uma interlocução com a sociedade de modo “mais fácil, livre e desobstruído”. “Nós não podemos produzir conhecimento apenas para setores. Temos que receber demandas também de outros setores. Esses são os fundamentos da universidade do futuro”, opina.
Segundo a representante do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Tânia Batista, a luta é pelo acesso com qualidade à universidade. Além disso, ela afirma que entram em discussão pautas nacionais e locais. “Queremos melhores condições, democracia interna, uma política de assistência estudantil e a não privatização da universidade”, disse. Na Uece, ela cita a portaria 320, que regulamenta os cursos pagos e as taxas. Uma das metas do movimento é abrir mesa de discussão com o reitor e com representantes da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Educação Superior (Secitece), enfatizando pauta específica para o Ceará, em torno da portaria 320 e do processo de democratização da Universidade.
Reivindicações Locais:
– Universidades estaduais gratuitas. Derrubada da Resolução 320, que regulamenta cursos pagos na Uece
– Imediata discussão e implementação do Plano de Assistência Estudantil
– Maiores investimentos em projetos de extensão
– Meia macrorregional ilimitada rumo ao passe-livre
– Gratuidade dos cursos pré-vestibulares das universidades públicas
– Fortalecimento do Programa Nacional da Educação na Reforma Agrária (Pronera)
– Verba Pública somente para a educação pública
– Contra todas as reformas neoliberais que retiram os direitos do povo
– Valorização dos trabalhadores da educação pública e implementação dos Planos de Cargos e Carreiras dos professores e servidores
Fonte: O Povo